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Com falta de água, escolas reduzem aulas na baixada; "Precisamos de água para nossas crianças estudarem"

Mães de estudantes cobram fornecimento de água da Cedae

Rio de Janeiro|Rodrigo Teixeira, do R7

Fachada do Ciep 229 Cândido Portinari, em Duque de Caxias, sem movimentação de alunos na manhã de terça (21)
Fachada do Ciep 229 Cândido Portinari, em Duque de Caxias, sem movimentação de alunos na manhã de terça (21) Fachada do Ciep 229 Cândido Portinari, em Duque de Caxias, sem movimentação de alunos na manhã de terça (21)

A falta de água é um problema crônico na Baixada Fluminense. E isso vem afetando até mesmo o calendário de escolas escolas de Duque de Caxias e de Nova Iguaçu. No Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) 134 Vereador José Lopes de Araújo, em Nova Iguaçu, e no do Ciep 229 Cândido Portinari, em Duque de Caxias, o R7 ouviu mães de alunos que são liberados mais cedo devido ao não abastecimento de água pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) (assista abaixo à reportagem em vídeo). Procurada, a empresa não se manifestou sobre o problema até a publicação desta reportagem.

Moradora há mais de 30 anos do bairro Cacuia, em Nova Iguaçu, a dona de casa Lucinéia de Souza contou que dois de seus cinco filhos têm aulas somente até a hora do recreio e, depois, são dispensados. Ambos estudam no Ciep 134 Vereador José Lopes de Araújo. Apesar do que relatam as mães, a direção da escola nega.

— Desde o início de outubro, o meu menor sai [da escola] às 9h30 e o outro [que entra às 12h] já está em casa às 14h. Eu recebo Bolsa Família e meus dois filhos menores têm que estar estudando. Eu mando eles para a escola, mas eles voltam porque não tem água. Precisamos de uma resposta.

Na mesma escola, mães se queixam que os alunos ainda sofrem com a falta de merenda. A dona de casa Adriana da Silva afirmou que a falta de água não permite que seus dois filhos tomem lanche na escola.

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— Eles estão estudando meio período. Falta água e, sem água, não tem merenda. Eles voltam para casa de barriga vazia.

No bairro de Saracuruna, em Duque de Caxias, a falta d’água também faz com que os alunos do Ciep 229 Candido Portinari fiquem menos tempo na sala de aula. Lucimar da Silva, mãe de um aluno, diz que a escola fecha em razão da falta de água.

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— Não tem água no "Brizolão" de Saracuruana. Pode ir lá que a escola está fechada. Eu moro aqui atrás da escola e não tenho saneamento básico, meu esgoto é a céu aberto. Mando meu filho ir estudar e ele volta para casa porque não tem água.

"Carro-pipa é artigo de luxo"

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Segundo Lucimar, carro-pipa para abastecer o colégio é algo raro.

— Carro-pipa aqui para o nosso "Brizolão" é artigo de luxo. Não tem. Só quando alguma reportagem vem aqui. Somos esquecidos aqui nesse lugar. A rua Egito pede socorro. Saracuruna pede socorro. Tem professor, tem aluno, mas não tem água.

Moradora de Saracuruna, Lucimar mostra esgoto a céu aberto na frente de sua casa
Moradora de Saracuruna, Lucimar mostra esgoto a céu aberto na frente de sua casa Moradora de Saracuruna, Lucimar mostra esgoto a céu aberto na frente de sua casa

A pedido da moradora Lucimar da Silva, o R7 esteve no Ciep 229 Candido Portinari por volta das 10h30 desta terça-feira (21) e constatou que não havia movimentação de alunos. Uma mulher que não quis se identificar, e disse ser orientadora pedagógica da instituição, confirmou que os alunos foram liberados mais cedo devido à falta d’água. Segundo ela, os estudantes tiveram apenas parte das aulas previstas.

Rendimento prejudicado

Adriana Costa, moradora de Saracuruna, disse que sua filha não faz mais aulas de educação física devido à falta d’água. Já as disciplinas de matemática e português são lecionadas apenas em dois dias.

— É uma vergonha. Minha filha sonha em ser advogada, mas eu tenho medo dela não conseguir porque ela está tendo pouca aula. Vai faltar conteúdo... Ela está no nono ano. Como vai ser quando chegar no vestibular? Precisamos de água para nossas crianças estudarem.

De acordo com a direção do Ciep 229 Cândido Portinari, na semana passada, a unidade escolar funcionou normalmente. Durante alguns dias de outubro, entretanto, em razão do problema de abastecimento de água na região, os alunos dos turnos da manhã e da tarde estudaram em horário diferenciado, segundo a escola. À noite, no entanto, as atividades transcorreram normalmente, informou o Ciep. A direção disse, ainda, que tem solicitado caminhão-pipa.

Procurada pelo R7, a Seeduc (Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro) informou que os conteúdos perdidos das aulas — que estão acontecendo temporariamente em horário parcial, segundo a pasta — serão repostos para não haver prejuízos aos estudantes.

Por meio de nota, a Seeduc afirmou que, “para minimizar os transtornos causados pela falta d’água na região, a escola tem providenciado caminhões-pipa regularmente". A Cedae disse o seguinte: "informamos que as escolas são abastecidas gratuitamente por carros pipa em caso de abastecimento irregular".

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