O coronel da Polícia Militar Alexandre Fontenelle se defendeu na manhã desta quinta-feira (6) das acusações que constam contra ele na denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro. Em setembro de 2014, o coronel Fontenelle foi preso durante uma operação que desarticulou uma quadrilha de 26 policiais militares que integravam o batalhão de Bangu. Os policiais eram investigados por exigir pagamento de propina a comerciantes, mototaxistas, motoristas e cooperativas de vans, além de emrpesa transportadoras de cargas na área do batalhão.
Na terça-feira (4), o MP apresentou denúncia de lavagem de dinheiro contra ele e outros três oficiais. Eles estariam envolvidos em negociações irregulares de imóveis para ocultar movimentação financeira.
Na denúncia, o MP afirma que Fontenelle teria registrado dois apartamentos seus em nomes de terceiros. Um deles, no Grajaú, zona norte do Rio, tem 200 m² e está no nome de sua irmã, Maria Paula. O apartamento vale R$ 995 mil. Já a outra propriedade é uma cobertura em Jacarepaguá, avaliada em R$ 750 mil. Com 300 m², o apartamento foi registrado no nome da mãe do coronel, do major Lucas e do capitão Colchone. Há também uma casa em uma área nobre de Búzios, Região dos Lagos, e um carro. Fontenelle, entretanto, ressalta que tem renda suficiente para adquiris os bens.
— A renda bruta, minha com a minha mãe, dá R$ 50 mil. Eu posso adquirir o imóvel que eu quiser.
Contrariando o órgão, o coronel apresentou a documentação que comprova a compra dos imóveis. Nos documentos, conta que apartamento do Grajaú foi comprado por R$ 422 mil, o apartamento em Jacarepaguá foi um investimento de R$ 60 mil de cada um dos três compradores e que a mansão de Búzios foi adquirida em uma cessão de posse de terreno, e que o imóvel foi construído posteriormente. Fontenelle afirma que é inocente.
— Não há nada de ilícito nisso. Não tem nenhum bem meu bloqueado. Minha conta não está bloqueada, nem estes imóveis, porque são bens lícitos.
O coronel também afirmou que jamais foi interrogado na investigação do processo.
— É a primeira vez que eu estou sendo ouvido. Eu estou denunciado em dois processos e nunca fui ouvido em local nenhum. Eu nunca fui ouvido nem por quem me investigou.
O advogado do comandante, Rodrigo Roca, afirma que entregou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro documentos que afirmam que na denúncia foram empregadas provas obtidas ilicitamente, sem autorização judicial.
Em nota, o Ministério Público afirmou que "o processo criminal tramita normalmente, não tendo havido qualquer ilegalidade e tendo sido respeitados os princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa".