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Crise leva Rio a suspender fornecimento de refeições em restaurantes populares

Fornecedores alegam que governo do RJ deve R$ 120 milhões

Rio de Janeiro|

Restaurante popular Betinho, na Central do Brasil
Restaurante popular Betinho, na Central do Brasil Restaurante popular Betinho, na Central do Brasil

Pelo menos três restaurantes populares do Estado, que fornecem refeições a R$ 2, servem nesta quinta-feira, 30, os últimos pratos. Outros 12 suspendem o serviço na semana que vem. As empresas fornecedoras alegam que o Estado deve R$ 120 milhões e que os atrasos dos repasses já duram 14 meses. Caso o encerramento do serviço se confirme, deixarão de ser servidas 37 mil refeições diárias.

A empresa Home Bread, que fornece 7,8 mil refeições, é a primeira a suspender o atendimento. O último cardápio tem salsichão ao sugo com macarrão e suco de tangerina. Por conta da crise, sopa, sobremesa e o pão que acompanhavam a refeição já haviam sido cortados.

O bife sumiu do bandejão. Deu lugar a opções mais baratas: moela, carne moída, almôndegas e salsichas passaram a ser oferecidos com mais frequência.

A empresa fornece refeições para o Restaurante Cidadão Betinho, na Central do Brasil, o primeiro do Estado, inaugurado em 2000, e para unidades do Méier, na zona norte, e Cidade de Deus, na zona oeste. Quatrocentos funcionários serão demitidos.

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Por causa da crise, o Restaurante João Goulart, em Bonsucesso, na zona norte, onde são servidas 1,8 mil refeições diárias, ficou fechado por dois dias na semana passada, depois que a energia foi cortada. "Vou tocar com o estoque que eu tenho. Não aguento até semana que vem. Quarta vou fechar", afirma Fábio Leite, representante da Première. "Nosso público é de pessoas de baixa renda, muitos idosos, aposentados, desempregados. Elas vão ficar sem alternativa", afirma.

O diretor do setor de alimentação da Associação das Empresas Prestadoras de Serviço do Estado (AEPS), Vagner Dantas, informou que foi feito um acordo com o governo do Estado para pagamento de duas parcelas, a cada 15 dias, até que os atrasos fossem quitados. "Isso foi feito em maio, mas o Estado só conseguiu pagar uma parcela. Depois nada mais. O secretário Paulo Mello se comprometeu, mas não conseguiu cumprir. Ninguém suporta atraso de 14 meses sem pagamentos", afirmou ele.

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De acordo com Dantas, houve um acordo em que o Bradesco ofereceu um empréstimo às empresas, como forma de saudar parte da dívida de 2014 do Estado. O governo se comprometeu a pagar as prestações. "Quando o Estado não paga a parcela, o banco retira da conta da empresa o que tem. As contas ficam com saldo negativo e os juros são absurdos."

Dantas é diretor comercial da Guelli, que serve refeições no restaurante de Campo Grande, na zona oeste. Por causa dos atrasos, o número de refeições servidas diariamente na unidade já havia sido reduzido de 3,7 mil para 2,8 mil. "Mês que vem não vou conseguir pagar os funcionários. Se o governo não acenar com o pagamento, o caminho será demitir funcionários".

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A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos informou que não foi notificada oficialmente pelas empresas fornecedoras.

Os restaurantes foram criados para atender pessoas em risco de insegurança alimentar e nutricional. Seu público é formado por trabalhadores informais, desempregados, moradores de rua e aposentados. Por R$ 2, têm direito a uma refeição de mil calorias composta por sopa, salada, prato principal com uma opção, guarnição, sobremesa e suco.

O governo subsidia as refeições com valores que variam de R$ 3,85 e R$ 8,39, dependendo do contrato. Também são servidos café da manhã, a R$ 0,50. As unidades funcionam de segunda a sexta-feira, das 10 horas às 15 horas. Em maio, a prefeitura de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, assumiu a operação do restaurante da cidade.

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