Defesa diz que PM reformado flagrado com criança seminua é inocente e era dono de creche
Advogado alega inocência do suspeito e entrará com pedido de liberdade
Rio de Janeiro|Do R7
A defesa do coronel reformada da PM Pedro Chavarry Duarte, de 62 anos, se manifestou pela primeira vez sobre a denúncia na tarde desta quarta-feira (14). O advogado David Elmor disse que Duarte é inocente e que vai entrar na Justiça com pedido de liberdade. O PM reformado está detido no BEP (Batalhão Policial Especial) preventivamente após prisão em flagrante.
O advogado disse que vai provar que Duarte, juntamente com sua família e mulher, trabalhavam para uma creche. Segundo ele, o suspeito tomava conta das crianças de mães que faziam faxina em imóveis da Caixa Beneficente da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Questionado se a creche existe fisicamente, Elmor afirmou que vai se manifestar no momento propício.
Na tarde desta quarta, a atendente da lanchonete que diz ter visto o coronel com uma criança de dois anos nua dentro de um carro em Ramos, zona norte do Rio, prestou depoimento à polícia. Na saída, ela disse a jornalistas ter visto Duarte outras vezes com bebês nus em seu carro.
A mulher suspeita de entregar a criança para o coronel, Thuanne Pimenta dos Santos,de 23 anos, foi presa nesta segunda-feira (12). Em entrevista exclusiva à Rede Record, a mãe da criança disse acreditar que Thuane recebia dinheiro para levar crianças a Duarte. De acordo ela, após o crime, uma amiga relatou que a suspeita havia feito proposta para os filhos dela. Segundo esse relato, Thuane dizia que Pedro gostava de ajudar as crianças, mas que só as presentearia se dessem voltas com ele. A mãe nega que conhecia Pedro.
— Eu tenho certeza que ela vendeu a minha filha. Uma colega minha falou que a Thuane chegou e disse: ‘Deixa eu levar seus filhos para o Pedro. Ele vai dar as coisas para as crianças, mas ele gosta de dar uma volta com elas’. Mas ela recusou.
Por outro lado, a irmã da suspeita disse que Thuanne é mais uma vítima do militar. Segundo ela, Duarte contratava o serviço de faxina de várias mulheres da comunidade Uga Uga, na região de Ramos, zona norte do Rio, e, em troca, se oferecia para cuidar das crianças enquanto elas trabalhavam.
De acordo com secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Pedro Melo, na década de 90, o suspeito havia sido preso por envolvimento com tráfico de bebês, mas teria conseguido arrastar o processo na Justiça e saiu impune. O próprio secretário afirmou que participou da investigação porque, à época, era deputado.
— À época, fui procurado por uma associação de moradores de Bangu, que relatou o envolvimento de um PM na venda de crianças. Montamos uma operação com a ajuda do 14º BPM (Bangu) e ficamos esperando no local usado pela quadrilha como cativeiro, onde os bebês eram deixados de manhã, sob efeito de tranquilizantes, e, à noite, transportados pelo bando. Quem da quadrilha chegou para pegar o bebê, de apenas quatro meses, foi o então capitão Pedro Chavarry. Foi preso e autuado em flagrante.
O presidente da associação de moradores relata que o coronel reformado morava em uma casa suspeita e costumava levar crianças para o imóvel.
— Nós encontramos uma bebê no chão, largada, suja. Encontramos ao lado da criança frasquinhos de sonífero.