Especialista vê falhas em vídeo que mostra combate a fogo em hospital
Entre problemas apontados estão ausência de brigadistas identificados e com equipamentos adequados e falta de organização na evacuação do prédio
Rio de Janeiro|Bruna Oliveira, do R7
A Polícia Civil já começou a analisar imagens gravadas pelo circuito interno do Hospital Badim, na zona norte do Rio de Janeiro, atingido por um incêndio que deixou 12 mortos, na última quinta-feira (12). O especialista em prevenção em combate a incêndio Wesley Pinheiro assistiu ao vídeo, obtido pela Record TV, e apontou falhas no início do combate ao fogo.
Entre os problemas constatados está a ausência de brigadistas identificados e com equipamentos adequados no local, além da falta de organização durante a evacuação do prédio.
No vídeo, é possível ver que funcionários da manutenção identificam o início do incêndio no subsolo, onde o fogo começou em um gerador. Além disso, um segurança, que está no térreo, também pega um extintor na tentativa de ajudar. As câmeras não registram movimentação de brigadistas.
"Não dá para saber [se tinha ou não brigadista]. Se eles usavam a identificação, era pequena. Mas, se estavam [no local], não aparecem com roupa de aproximação antichama ou máscara. O pessoal do térreo ficou assustado e não sabia o que fazer”, disse Pinheiro.
Em entrevista ao R7, Pinheiro destacou que a principal pergunta a ser esclarecida pelos investigadores é: por que a fumaça tóxica se espalhou pelo prédio?
“Pelo que vi, o princípio de incêndio não tinha muita fumaça no subsolo. No térreo, já tinha. O que isso comprova para mim? A estrutura da edificação não tinha proteção passiva contra o fogo. Não consigo entender como a fumaça subiu tão rápido. Ela pode ter passado por shaft elétrico [armário de cabos], escada ou até pela porta corta-fogo, caso, erroneamente, tenha ficado aberta. Não acredito que tenha sido pelo duto de ar, porque as tubulações costumam ser independentes em cada andar.”
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Para o especialista, faltou também organização durante a evacuação do prédio, quando foram improvisados leitos na rua para acomodar os pacientes.
Apesar de considerar a operação "difícil" de ser executada por se tratar de um hospital, Wesley Pinheiro ressaltou a importância de se ter um plano bem elaborado para casos de emergência. Na avaliação dele, o que mostra que a unidade seguiu um planejamento foi o fato de vidas terem sido salvas. No entanto, era necessário fazer os resgates com ordenamento.
“Deu para perceber que não havia um ponto de encontro demarcado. Normalmente, estes lugares são marcados por colorações por zona. A lona vermelha identifica pessoas em estado crítico, a verde, segurança de vida e a lona cinza em óbito. Isto é necessário para priorizar o atendimento das ambulâncias, conformes os veículos vão chegando.”
Procurado pelo R7, o Hospital Badim reafirmou que havia brigadistas dentro da unidade no momento do incêndio.
Leia à íntegra:
“Atualmente, o Hospital Badim possui 30 brigadistas, que passam por treinamentos periódicos. Os colaboradores da brigada que estavam no prédio no momento do ocorrido avaliaram a situação e optaram pela evacuação. A brigada de incêndio do hospital atuou na evacuação do prédio, com a ajuda dos demais colaboradores do hospital, entregando o comando da evacuação ao Corpo de Bombeiros assim que chegou ao local após ser acionado.
O hospital possui equipamentos contra incêndio, conforme determina a legislação: portas corta-fogo, sprinklers, extintores de incêndio, detectores de fumaça com alarme sonoro, entre outros. Todos funcionaram no momento. Como o próprio Corpo de Bombeiros informou em nota, o hospital possuía os alvarás de funcionamento, atendendo às normas legais”.