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Ex-funcionária acusa grife carioca de racismo e de assédio moral

Após denúncias, empresa com lojas no Rio e em São Paulo afirmou em redes sociais que vai apurar as acusações e que a própria dona foi afastada

Rio de Janeiro|Lucas França, do R7*

Relatos são sobre unidade de Pinheiros, em São Paulo
Relatos são sobre unidade de Pinheiros, em São Paulo

Uma ex-funcionária da Loja Três em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, afirmou que sofreu discriminação racial por parte da dona da empresa, Guta Bion, de dezembro de 2018 a março de 2019, quando trabalhou como stylist no local.

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A loja tem outras duas unidades no Rio de Janeiro, onde também existem denúncias. O MPT-RJ (Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro) abriu dois inquéritos para investigar casos de irregularidades trabalhistas, como funcionários trabalhando sem carteira ou contrato de trabalho assinados, o que acarretaria violação do direito ao 13ª salário, férias remuneradas e descanso semanal.

Em nota, o MPT-RJ informou que a denúncia não informava fatos concretos de racismo e assédio moral. O órgão investiga uma denúncia anônima contra a loja desde junho de 2018 e já tentou "notificar a empresa diversas vezes para apresentação de documentos, mas não obteve resposta".


O MPT-RJ, neste momento, coleta depoimentos de ex-funcionários para conseguir provas que "possam ser usadas em juízo". 

Novos relatos


A jovem, que preferiu não se identificar, disse em entrevista ao R7 que, ao ser contratada, a empresária teria dito: “Olha que negra linda eu contratei, agora ninguém pode falar nada”.

A ex-funcionária comentou que a rotina de trabalho dela era de “insegurança”, já que, como explicou, a dona da marca sempre deixava claro proibições contra tipos de cabelo, maquiagens e até formato da unha.


As restrições, de acordo com a jovem, eram reforçadas quando as funcionárias eram negras.

Relatos sobre assédio moral também foram apresentados pela ex-funcionária, como as vezes em que a empresária teria dito que, “se alguém reclamasse de algo, seria demitido”. Até mesmo para o jovem, a ida da empresária à loja era motivo de apreensão.

“Ela só falava conosco por gritos. Toda vez que sabíamos que visitaria a loja de São Paulo, todos ficávamos tensos. Se tivesse uma unha fora do lugar, todo mundo tomaria um esporro. Ela não gostava que funcionárias almoçassem juntas, não gostava de amizade entre as funcionárias”, comentou a ex-funcionária.

Ela disse que só não saiu do emprego antes porque precisava do dinheiro. Hoje, desempregada, a jovem contou que tem traumas do tempo em que esteve lá, o que a tem prejudicado na busca por um novo trabalho. Para ela, a marca deveria ser boicatada e pagar indenizações.

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"Espero que as pessoas boicotem a loja. Estou desempregada e com medo de isso acontecer comigo de novo. Cogito sair da área de moda por causa dos traumas que desenvolvi na loja", afirmou.

A cantora Mahmundi, que já realizou um videoclipe em parceria com a marca, se posicionou nas redes sociais após tomar conhecimento de denúncias contra a Três. Ela se solidarizou com funcionárias da loja que fizeram denúncias.

“O racismo nesse país é estrutural. bem articulado, cheio de nuances. Me sinto feliz e orgulhosa de ver mulheres denunciando maus-tratos, tendo voz para expor violências verbais diárias”, escreveu a cantora.

Posicionamento

Após a repercussão das denúncias, a Loja Três publicou nas redes sociais uma nota para os clientes a respeito das acusações. A empresa afirmou que irá apurar as denúncias e que a própria dona, Guta Bion, foi afastada.

“A principal acusada já se afastou voluntariamente de suas atividades na empresa, enquanto todos os fatos estiverem sendo apurados”, disse a Três.

A reportagem do R7 entrou em contato com a assessoria da Três e apresentou relatos das denúncias. Após contato por telefone e email, a marca disse que não iria se posicionar a partir de denúncias sem nome. “A Loja Três não comentará denúncias apócrifas”, disse.

*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas

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