Imagens mostram guerra do tráfico na Rocinha
Mesmo com a presença da UPP, a venda de drogas na favela gera R$ 6 milhões por mês
Rio de Janeiro|Do R7
Dois anos após a instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Rocinha, o clima na comunidade é de tensão. Duas facções rivais se enfrentam praticamente todos os dias. Uma delas, chefiada pelo traficante conhecido como Djalma, ocupa a parte alta da favela. Outra, guiada pelo criminoso Johny, domina a parte baixa. A Rede Record exibiu uma reportagem especial com detalhes sobre a guerra e com flagrantes de intensos tiroteios (assista abaixo).
Segundo um levantamento feito recentemente por policiais, o lucro com a venda de drogas na Rocinha é de cerca de R$ 6 milhões por mês, apesar da presença da UPP. O objetivo dos grupos rivais é dominar completamente a comunidade, que é a maior da América Latina.
Uma moradora, que não quis se identificar, contou que a polícia não costuma patrulhar todas as ruas da favela.
— É tiroteio todo dia. De dia, de noite, de manhã, não tem hora para ter. Só tem polícia na estrada da Gávea. Dentro dos becos não tem polícia, é só arma pesada.
Um policial da UPP da Rocinha revelou que o sentimento dos colegas de farda é de abandono. Segundo ele, os PMs não se sentem preparados para enfrentar os bandidos, que continuam em grande número e com forte poder bélico.
— A gente já chega perdendo, porque eles conhecem o território e a gente conhece superficialmente. A Rocinha hoje está largada. Alguns policiais perderam aquela vontade, perderam sua inspiração por falta de apoio.
Rocinha pós-Amarildo
O desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias, em julho deste ano, prejudicou a imagem da UPP e aumentou a ousadia dos traficantes, conforme entende a ex-coordenadora de inteligência da Polícia Civil, Marina Magessi.
— Quando aconteceu o caso Amarildo e a repercussão que ele teve, a PM perdeu bastante credibilidade. E não só isso, viu avançarem os traficantes. A população ficou mais retraída, com medo dos traficantes.
Vinte e cinco policiais militares foram acusados pelo Ministério Público de participação no assassinato e sumiço do corpo do morador. Destes, 13 estão presos, incluindo o ex-comandante da UPP, major Édson Santos.
Um policial da UPP admite que ficou nítida a mudança no comportamento dos moradores após o caso Amarildo.
— Hoje em dia até o cumprimento do morador a gente não tem mais. A não ser os moradores idosos. Antes dessa situação do Amarildo era criança que brincava com policial, era jovem que queria ser policial.
Assista ao vídeo: