Justiça do Rio dá liberdade a Sininho e a outros 4 ativistas presos na véspera da Copa
A pedido da Polícia Civil, os cinco ativistas tiveram a prisão prorrogada nesta semana
Rio de Janeiro|Do R7, com Agência Estado
A Justiça do Rio de Janeiro concedeu a liberdade para cinco ativistas presos na véspera da final da Copa do Mundo. Entre os detidos que tiveram o pedido de liberdade concedido, está Elisa Quadros, a Sininho. A decisão é do desembargador Siro Darlan.
— As prisões não foram devidamente fundamentadas.
Os cinco ativistas — outros 12 detidos na mesma operação foram liberados nesta semana — haviam tido a prisão temporária prorrogada a pedido da Polícia Civil.
As prisões ocorreram durante a Operação Firewall 2, da DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática), que capturou suspeitos de participar ou organizar atos de vandalismo no Rio. Na casa de alguns dos detidos, os policiais dizem ter apreendido máscaras de proteção contra gás, joelheiras, gasolina dentro de garrafas plásticas, maconha e um revólver calibre 38.
Os ativistas, enquadrados em formação de quadrilha, permaneceram presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio. Ao todo foram 17 manifestantes presos temporariamente por cinco dias e dois menores de idade apreendidos.
O chefe de Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, afirmou que o grupo pretendia praticar atos violentos no fim de semana da final da Copa.
— Provas colhidas ao longo das investigações e hoje evidenciam que esse grupo estava se mobilizando para praticar atos de violência.
Na manhã desta sexta, a Justiça Global enviou ofícios ao governo federal solicitando providências em relação às prisões. Para a entidade, o inquérito "visa tão só a desmobilização, deslegitimação, intimidação e criminalização de defensores de direitos humanos, representando grave violação por parte do Estado do Rio, principalmente ao tratá-los enquanto associação criminosa".
OAB: prisões são abusurdas
As provas que a polícia alega possuir não foram apresentadas à imprensa. As prisões foram criticadas por ONGs de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil seção Rio de Janeiro, Marcelo Chalréo, disse que as prisões são um “absurdo”.
Na avaliação dele, as detenções ocorreram “com o objetivo de afastar essas pessoas de eventual participação em algum tipo de manifestação ou ato” e que foram decretadas sem fundamento legal “minimamente razoável, com claro intuito de tolher ou reprimir a manifestação de expressão dessas pessoas”.
Sobre a informação dada pela polícia de que Sininho seria a chefe da quadrilha, Marcelo Chalréo disse que essa é uma alegação “sem pé nem cabeça”. Embora reconheça que Elisa tem tido participação importante em algumas manifestações, considerou que “de forma nenhuma [ela] é uma liderança com esse caráter que quer dar a polícia”.
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