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Mais de 100 jornalistas foram agredidos desde manifestações de junho

Dois em cada três ataques tinham a intenção de ferir profissionais, aponta levantamento

Rio de Janeiro|Do R7

O cinegrafista Santiago Andrade
O cinegrafista Santiago Andrade O cinegrafista Santiago Andrade

A morte do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, da Rede Bandeirantes, foi o ápice de uma série de agressões a jornalistas que teve início com as manifestações, em junho passado. Levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) atualizado na segunda-feira (10) aponta que ao menos outros 117 profissionais de imprensa foram atacados durante a cobertura de protestos.

— Os ataques a jornalistas têm o agravante de ser também um ataque à liberdade de expressão, um direito que custou muito para ser conquistado pela sociedade brasileira — afirma Gustavo Alpendre, da associação.

De acordo com planilha da entidade, 63% das agressões a jornalistas foram propositais. No caso de Andrade, a polícia ainda apura o caso. Manifestantes são responsáveis por 22% dos ataques — os demais foram provocados por policiais, por guardas-civis e por um segurança.

O repórter do R7 Fernando Mellis, atacado em São Paulo por um PM em 11 de junho, foi uma das primeiras vítimas da onda crescente de violência. Uma semana depois, um carro de transmissão da TV Record foi incendiado por manifestantes.

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Para Guto Camargo, secretário-geral da Federação Nacional de Jornalismo e presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, a cobertura de manifestações tem de ser discutida:

— Uma manifestação não é, historicamente, algo violento. Mas os protestos têm se tornado violentos. Então, é necessário que procedimentos sejam revistos. Há um treinamento específico para o profissional? É necessário usar capacete? É necessário usar colete?

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Em São Paulo, a violência dos atos fez com que boa parte dos repórteres fotográficos passassem a usar capacetes. A maioria utiliza capacete de bicicleta. Alguns profissionais — entre eles o prórprio Andrade — fizeram o curso de jornalismo em área de conflito, ministrado pelo Exército Brasileiro.

O levantamento da Abraj mostra também que as agressões se estendem ao longo dos meses. Os dias com maior número de jornalistas agredidos foram 13 de junho, com 24 vítimas, 7 de setembro, com 23 agredidos, e 21 de outubro, com 9 violações.

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Para Alpendre, alguns equipamentos podem ajudar — sobretudo no caso das agressões não propositais. O colete à prova de balas, diz ele, é mais questionável, pois até o momento não houve caso de ferimento a bala de fogo.

— É preciso também que o Estado melhore os mecanismos para identificar, abrir inquérito e responsabilizar os agressores. 

Nos últimos anos, o Brasil vem aparecendo com frequência no topo de listas de organizações internacionais que monitoram assassinatos de jornalistas. Na maior parte dos casos, as vítimas são jornalistas de cidade pequenas, mortos a mando de alguém que queria calá-los, por conta de alguma investigação. A morte de Andrade, porém, foge desse padrão.

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