Trinta e quatro pessoas (31 bombeiros e 3 empresários) foram presas na Operação Ingenium (engenharia, em latim) nesta terça-feira (12) em diferentes regiões do Rio de Janeiro. A investigação apura a participação de membros do Corpo de Bombeiros em um esquema de venda ilegal de documentos para funcionamento de estabelecimentos comerciais.
Com objetivo de cumprir 38 mandados de prisão preventiva e 67 ordens de busca e apreensão, a operação foi deflagrada por agentes da CGU (Corregedoria Geral Unificada) e do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) no início da manhã.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado Rio, a operação ocorre em residências de suspeitos, quartéis e sede de empresas. Dentre os mandados de prisão, expedidos pela 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, estão os de dois assessores especiais do Comandante Geral do CBMERJ, dos Comandantes da Baixada Fluminense, Nova Iguaçu, Irajá, (ex-comandante de Duque de Caxias), GOPP, Copacabana, Campinho, Jacarepaguá e do Destacamento de Paracambi e de sete Coronéis da reserva.
Com base em escutas telefônicas, os investigadores descobriram que o esquema de corrupção ocorria no setor de engenharia de diversos grupamentos militares, principalmente no 4º GBM (Nova Iguaçu), no 14º GBM (Duque de Caxias) e no GOPP (Grupamento de Operações com Produtos Perigosos).
O esquema
Segundo as investigações, dois assessores especiais do Comandante Geral do Corpo de Bombeiros indicavam os comandantes destas unidades. Estes contavam com a participação dos bombeiros lotados no setor da engenharia, além de bombeiros militares da reserva e civis, que intermediavam os pagamentos das propinas pagas por empresários para obtenção do documento que permitia o funcionamento do empreendimento.
Os acusados se aproveitavam da condição de bombeiro militar para fiscalizar os estabelecimentos no intuito de notificar os responsáveis e, desta forma, provocar um acordo para negociar valores ilícitos. Em seguida, os acusados emitiam um laudo de exigências contendo todos os requisitos de segurança contra incêndio e pânico, porém, mesmo sem o cumprimento destas normas, após o pagamento de propina, os criminosos expediam o documento que atestava o cumprimento de todas as exigências.
As investigações comprovaram ainda que locais de diversões que reuniram grande público, inclusive um estádio de futebol, receberam as documentações sem cumprimento das exigências de segurança para proteção da vida das pessoas e do patrimônio, caso houvesse incêndio.
A operação conta com apoio da SSINTE (Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança), da Draco-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos Especiais) e da Polícia Civil.
Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que acompanha a operação do Ministério Público e está colaborando com as investigações.