Pai acusa Bope por morte de entregador na Coroa: "Temos como provar que mataram um trabalhador"
Rafael Neris, de 23 anos, entregava pizza na comunidade quando foi baleado
Rio de Janeiro|Do R7
Um entregador de pizza de 23 anos morreu baleado durante um confronto entre policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e traficantes no Morro da Coroa, em Santa Teresa, região central do Rio, no domingo (28). Amigos de Rafael Camilo Neris lamentam sua morte em postagens na internet e ressaltam que o jovem era trabalhador e teria morrido quando entregava uma pizza na comunidade. Ele chegou a ser levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, mas não resistiu.
Alberto Neris, pai da vítima, acusa o Bope.
— Meu filho foi baleado pelo Bope. Me sinto muito injustiçado. Temos como provar que mataram um trabalhador, uma pessoa de bem.
Familiares afirmam que ele deu entrada na unidade sem documentos, que teriam sido roubados. De acordo com a polícia, as vítimas do tiroteio de ontem foram dois suspeitos, que morreram, e uma terceira pessoa ligada ao tráfico que, ferido, está internado no Hospital Municipal Souza Aguiar.
Também na internet, a empresa Santa Pizza, onde Rafael trabalhou como entregador, postou uma mensagem de luto:
"O sentimento é de fragilidade e de não saber de que lado ficar ou como fugir ou se defender e de quem se defender, o luto é eterno e contínuo e só muda o endereço todos os dias! Ficamos com a lembrança de um sorriso de paz!"
Ocupação
Durante a ação do Bope, foram apreendidas duas pistolas, cinco granadas de fabricação caseira e cinco carregadores. O morro da Coroa foi invadido em maio por traficantes de uma facção criminosa que já dominava o vizinho Morro do Fallet, também em Santa Teresa. Naquele mês, em uma semana de invasão, confrontos mataram 12 pessoas na região.
A Coroa, que já havia sido ocupada pelo Bope em maio, é policiada por homens do batalhão especial desde sexta-feira (26) quando cinco policiais que estavam em uma base avançada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Fallet foram rendidos por seis traficantes e obrigados a entregar suas armas, devolvidas logo em seguida.
A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) já identificou, em seu setor de inteligência, os suspeitos de terem participado do episódio. A 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar apura se houve negligência dos policiais que estavam na base da UPP. Alguns deles vêm recebendo atendimento psicológico desde sexta-feira.