Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Pitty volta ao Rio em show que celebra 20 anos de álbum gravado na cidade: 'vai ser catártico'

Cantora traz turnê para a Fundição Progresso e diz que apresentação é "releitura atual" do disco Admirável Chip Novo

Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7

Pitty chega ao Rio com turnê #ACNXX
Pitty chega ao Rio com turnê #ACNXX Pitty chega ao Rio com turnê #ACNXX

Era 2002 quando a estudante de música Priscilla Leone chegou ao Rio de Janeiro para gravar seu primeiro disco. Ela, que já tinha integrado duas bandas em Salvador, onde nasceu e cresceu, conseguiu a oportunidade depois de mandar uma fita demo com músicas autorais no formato voz e violão para o produtor Rafael Ramos, da Deckdisc.

· Compartilhe esta notícia no Whatsapp

Até então desconhecida do grande público, passou a ser reconhecida depois que seu primeiro single, Máscara, começou a tocar nas rádios e canais de música Brasil afora. Foi com o disco Admirável Chip Novo, lançado em maio de 2003, que Pitty se tornou um dos maiores nomes do rock nacional.

Neste sábado (29), a artista volta à cidade para apresentar a turnê #ACNXX, em comemoração dos 20 anos do álbum gravado aqui. A apresentação será na Fundição Progresso, mas os ingressos estão esgotados desde o início de março.

Publicidade

“Eu sinto que vai ser muito catártico e muito emocionante, justamente por essas músicas terem ganhado corpo aí, por eu ter começado a experimentar os arranjos, ver que músicas funcionavam, formação de banda… tudo foi aí”, disse a cantora em entrevista ao R7.

A relação com a cidade é intensa, como ela mesma define. Se foi na Bahia que ela acumulou bagagem para construir essa obra, foi no Rio que o projeto teve seu ponto de partida.

Publicidade

“Eu considero [o Rio] minha segunda casa. Eu venho da Bahia, e construí minha gênesis musical na Bahia, tocando na cena alternativa, gravando demos, tendo bandas, fazendo faculdade de música, mas foi no Rio que eu estreei como Pitty.”

Mas se agora a Fundição - uma das maiores casas de show da cidade - é o seu palco principal, no início, eram as lonas culturais afastadas do centro e da zona sul onde ela se apresentava.

Publicidade

“Percorremos um circuito no Rio de Janeiro que me deu uma formação de base muito linda e que é importante pra mim até hoje, que é o circuito das lonas culturais. A gente tocou em todas as regiões, da lona de Jacarepaguá, da lona de Realengo, até a Baixada Fluminense”, reforçou.

Show é "releitura atual" do disco de 2003
Show é "releitura atual" do disco de 2003 Show é "releitura atual" do disco de 2003

O show não é saudosista, como apontou a cantora, mas é uma “releitura atual” do que ela apresentava no início da carreira. Dividido em três atos, Pitty toca o álbum na íntegra, na primeira parte, e algumas versões que foram registradas no DVD Admirável Vídeo Novo, de 2004. No último ato, ela relembra sucessos de outros momentos da carreira.

Revisitar o trabalho em um show não era exatamente um plano da baiana, mas ela diz que as conversas com os fãs e os comentários deles nas redes sociais fizeram com que ela se animasse.

“Eu fui me empolgando, me envolvendo e percebendo o quanto essas músicas ainda fazem sentido.”

Trabalho no estúdio

As 11 faixas que fazem parte do álbum de estreia foram compostas no quarto dos fundos da casa onde ela morava com a mãe e o irmão, em Salvador. Na época, o Inkoma, banda de hardcore da qual ela fazia parte, havia acabado, e ela estava estudando música na UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Depois de receber uma ligação do produtor Rafael Ramos, que conheceu ainda na época do underground, perguntando o que ela estava produzindo, ela gravou cerca de 20 músicas em uma fita e enviou para ele.

A partir desta gravação caseira, Pitty veio para a capital fluminense, onde iniciou o processo de produção do disco.

Pitty gravou Admirável Chip Novo no Rio
Pitty gravou Admirável Chip Novo no Rio Pitty gravou Admirável Chip Novo no Rio

“Foi um aprendizado muito grande, especialmente pra mim, que nunca tinha gravado em um estúdio profissional, com tantos recursos, então foi uma experiência muito rica e, ao mesmo tempo, muito livre, porque eu e o Rafa Ramos sempre tivemos isso em comum, essa coisa de experimentação, de não ter medo de fugir da cartilha, de testar coisas sonoras que as pessoas podem dizer que não funciona…”

Para gravar o álbum, Pitty resgatou músicos que já conhecia da cena soteropolitana. Dunga gravou o baixo, Duda Machado assumiu a bateria e Peu Sousa tocou guitarras e violão, além de ser parceiro na composição de “Equalize”, música mais ouvida da artista em uma das principais plataformas de streaming, com mais de 83 milhões de reproduções.

Durante o processo, a cantora morou em um apartamento próximo à gravadora, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Como o dinheiro era pouco, os músicos acabaram morando escondidos no espaço emprestado pelo selo. “Um troço meio clandestino”, disse ela no livro Pitty - Cronografia: Uma trajetória em fotos.

Também no livro, a compositora diz que neste primeiro ano, ainda havia um “trabalho de formiguinha” para divulgar o trabalho, mesmo com clipe na TV e CD nas lojas.

Pitty revela que, enquanto desejava viver de música no Brasil, tinha consciência de que isso poderia ser um sonho distante naquela época: “Eu não morava nem em um grande centro, estava à margem do mercado e com uma música que não era exatamente formatada de forma mercadológica e comercial”.

“Eu tinha ambição, vontade e desejo de que o trabalho expandisse e atingisse o maior número de pessoas possível, quero que meu som chegue em todas as pessoas, de todos os nichos e lugares, mas eu não tinha garantia alguma, nem eu, nem a gravadora e nem Rafa. A gente apostou.”

Reconhecimento e prêmios

Capa do disco que completa 20 anos
Capa do disco que completa 20 anos Capa do disco que completa 20 anos

E a aposta deu certo. Admirável Chip Novo rendeu à cantora, no final de 2003, um disco de platina - que representa a marca de 250 mil cópias vendidas -, e o troféu de Revelação em uma das premiações mais importantes do Brasil. Além disso, o álbum foi indicado ao Grammy Latino e o clipe da faixa-título era o mais pedido da principal parada de vídeos do país.

O trabalho também rendeu reconhecimento e convites de artistas que foram referência para a cantora. No ano seguinte, Pitty gravou Esse Tal de Roque Enrow no álbum ao vivo de Rita Lee, e participou do acústico da banda paulistana Ira! na faixa Eu Quero Sempre Mais.

“Foram duas experiências artísticas e musicais muito benéficas, de aprendizado muito grande. Dividir o palco com Rita, que sempre foi uma grande referência pra mim, e aquela coisa de ela me chamar de filha, porque a música tinha isso… Até hoje, tem gente que me pergunta se eu sou filha de Rita Lee. Também sempre admirei o Ira! e participei de uma canção linda, na qual eu pude cantar e mostrar para as pessoas uma outra pegada de voz, com um jeito mais delicado e um outro timbre, talvez.”

Com a projeção, a “roqueira baiana”, como era chamada no início da carreira, também assumiu a missão de projetar outros artistas da cena da Bahia, que antes dela já havia revelado artistas como Raul Seixas e Camisa de Vênus.

No documentário Do Mesmo Lado, incluído no DVD Admirável Vídeo Novo, Pitty retorna a Salvador e visita lugares onde se apresentava quando tinha banda independente. Ela também mostra outros grupos da sua geração que ainda faziam parte do underground da cidade.

“Fiz questão de citar todo mundo que fazia parte da minha cena na Bahia, as bandas que eram contemporâneas, justamente pra dar essa ideia de ‘olha, existe rock na Bahia e no nordeste, apesar de Raul e Camisa serem muito conhecidos’.”

Além disso, a artista ainda apresentou aos seus ouvintes diferentes referências que estão no álbum, que vão de cinema e literatura (o nome do disco faz alusão ao livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley) à filosofia.

Segundo ela, desde o início, os fãs falam que foram procurar os autores, bandas e filmes que serviram de base para o trabalho ou que eram citados durante as entrevistas.

“Esse tipo de influência vai se perpetuando. Eu fui influenciada por artistas de cinema e literatura, filósofos, artes plásticas e, à medida que comento, outras pessoas vão conhecendo, se identificam, e também seguem e criam outras coisas a partir disso. Eu acho que é uma influência positiva, de incentivo de pensamento crítico.”

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.