RJ: mortes em confrontos com polícia aumentam mais de 70% em dois anos
No primeiro semestre de 2013 foram registrados 200 casos contra os 347 do período em 2015
Rio de Janeiro|Do R7
O Estado do Rio de Janeiro registrou 347 mortes em supostos confrontos com a polícia no primeiro semestre deste ano. No mesmo período de 2013 foram registrados 200 casos dos chamados autos de resistência, o que significa um aumento de 73,5% dos casos registrados entre janeiro e junho nos últimos dois anos. Os dados são do ISP (Instituto de Segurança Pública).
No comparativo com o mesmo período de 2014, quando foram registrados 287 casos, o aumento nas mortes por intervenção policial foi de 20%.
Nos últimos cinco anos, houve uma oscilação no número de mortes por autos de resistência. De janeiro a junho de 2010 foram registrados 505 casos e no mesmo período do ano seguinte houve 372 registros, ou seja, uma queda de 26%. A tendência de diminuição nos casos se prolongou até 2012, quando foram registrados 216 casos de autos de resistência. Nos últimos dois anos, porém, as mortes por intervenção policial voltaram a subir. No mesmo período
Para a coordenadora do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos, há possibilidade de redução destes casos.
— Há muitas alternativas. Uma, por exemplo, é o controle do uso de munição. Ou seja, o policial justificar a munição que usa. Outra forma é retirá-lo de serviço depois que ele dispara arma de fogo com desfecho letal.
Entregador de pizza morto na Coroa
O entregador de pizza Rafael Neris, de 23 anos, morreu baleado durante um confronto entre policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e traficantes no Morro da Coroa, em Santa Teresa, região central do Rio, no dia 28 de junho. Na época do crime, Alberto Neris, pai da vítima, acusou o Bope.
— Meu filho foi baleado pelo Bope. Me sinto muito injustiçado. Temos como provar que mataram um trabalhador, uma pessoa de bem.
A mãe do entregador de pizza reiterou o discurso do pai e afirmou que o Bope é responsável pela morte. Lúcia Helena Camilo estava internada no momento em que soube da morte do filho. Para ela, a morte de Rafael não pode ser esquecida.
— As nossas leis têm que mudar, a polícia tem que ser preparada para defender e não para tirar vidas. Meu filho não foi o primeiro e nem será o último [a ser morto em operações]. Eu quero que a morte do meu filho sirva para começar uma nova história na polícia, mas de justiça. Que crimes assim não fiquem impunes.
Colaborou Lola Ferreira, do R7 Rio
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