Sete vítimas de batida entre trens seguem no hospital; passageiros relatam momentos de pânico
Segundo direção, 158 vítimas de acidente deram entrada no Hospital da Posse
Rio de Janeiro|Rodrigo Teixeira, do R7
Ao menos sete das vítimas do acidente envolvendo dois trens na noite de segunda-feira (5) seguem em observação no Hospital Geral de Nova Iguaçu — também conhecido como Hospital Posse —, na Baixada Fluminense, na manhã desta terça-feira (6). De acordo com a assessoria da unidade, o estado delas é estável e nenhuma corre risco de morte.
O acidente deixou 229 feridos. Dos feridos, 158 pessoas foram levadas para o Hospital da Posse. Oito foram levadas para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, 17 pessoas foram levadas para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, cinco para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, 30 para UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Mesquita e 11 para UPA de Nova Iguaçu 2.
No início da manhã, a balconista Pamela de Oliveira foi liberada do hospital e falou sobre o momento em que os dois trens colidiram. Segundo a vítima, que bateu a cabeça e teve uma torção no pé, várias pessoas que estavam na composição foram pisoteadas.
— Bati com a cabeça e só me lembro de estar no chão. As pessoas pisavam umas nas outras, foi um caos. A SuperVia não deu suporte para ninguém na hora. Eu vim para o hospital com mais seis pessoas na ambulância. Fecho os olhos e só consigo pensar que nasci de novo.
Segundo o ajudante de pedreiro Luiz Cláudio de Queiroz, que estava no trem que bateu, a composição já apresentava problemas desde a estação de Madureira, na zona norte do Rio.
— A luz estava apagando e acendendo, e ele [trem] vinha andando muito devagar. O maquinista dizia no autofalante que enfrentava problemas técnicos e que, por causa da chuva, vinha devagar. Eu estava no segundo vagão do trem que bateu, foi tudo muito rápido.
Queiroz, que sofreu uma luxação no ombro, relatou ainda momentos de terror quando ficou preso entre o trem e a plataforma.
— Foi tudo muito rápido. Conseguiram abrir a porta, mas eu caí naquele vão entre o trem e a plataforma, não consegui pular. Um anjo de Deus me puxou não sei como. Estou vivo por um milagre.
Algumas vítimas também relataram casos de assaltos após o acidente. Feliciano Reis, de 60 anos, disse ao R7 que teve a mochila roubada.
— Estava aguardando ser atendido pelos médicos e vi pessoas pulando as grades. Levaram minha mochila e os três remédios que eu tomo para o coração. É muito triste. A única coisa que ficou comigo foi minha carteira com meus documentos.
A babá Mayara Barbosa também foi furtada durante a confusão.
— Eu caí no vão entre o trem e a plataforma e dois rapazes me puxaram. Eu estava com minha bolsa e o celular na mão. De repente fui surpreendida por um jovem que furtou meu celular. Eu não sabia se chorava de dor ou gritava pelo meu celular.
A polícia instaurou um inquérito para apurar crime de lesão corporal na batida entre dois trens, na segunda-feira (5), na Baixada Fluminense. O registro foi feito na Delegacia de Mesquita (53ª DP). Dois maquinistas dos trens que se envolveram na colisão devem ser ouvidos na unidade.