O empresário Thor Batista, filho do bilionário Eike Batista, foi condenado nesta quarta-feira (5) pelo atropelamento e morte do ciclista Wanderson dos Santos na rodovia Washington Luis, no Rio de Janeiro, em março de 2012. De acordo com a sentença decretada pela juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, Thor Batista terá que prestar dois anos de serviços comunitários e pagará multa de R$ 1 milhão a uma instituição de caridade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A pena, inicialmente, havia sido estipulada em dois anos de detenção, mas a juíza aceitou o pedido da defesa para converter a pena em serviços prestados. O empresário também teve a carteira de motorista suspensa por dois anos. Os advogados do réu têm direito a recurso.
Veja como ficou o carro de Thor após a batida
Apesar de o laudo pericial apontar que Thor Batista dirigia dentro do limite de velocidade da pista no momento do acidente, a juíza argumentou, com base em outras provas e depoimentos, que o motorista criou “riscos proibidos” que culminaram na morte da vítima.
O réu deverá cumprir os serviços sociais, provavelmente, em uma instituição voltada para o atendimento de vítimas de trânsito.
Parentes de ciclista cobram multa; Eike Batista é investigado
Os advogados da família de Wanderson Pereira dos Santos irão entrar com uma ação na próxima sexta-feira (7) para cobrar R$ 500 mil de multa do empresário. A alegação é de que ele não pediu segredo de Justiça e permitiu a divulgação pela imprensa do pagamento que fez aos parentes da vítima como "primeira assistência" após a morte.
Com o vazamento dessa informação, Thor Batista teria quebrado o acordo de confidencialidade. Além disso, três pessoas da família cobram R$ 1,5 milhão (R$ 500 mil cada um) por danos morais por terem se sentido constrangidos com a divulgação da "assistência" recebida.
O dinheiro pago como "consolo à família", aliás, teve indícios criminosos, conforme descreveu na sentença a juíza Daniela Souza. Por isso, ela pediu que o Ministério Público apure a participação ilegal das partes envolvidas no acordo após o acidente. Poderão ser julgados João Miguel Resende Ribeiro (policial rodoviário federal), Marcio Tadeu Rosa da Silva (bombeiro), Eike Batista, Thor Batista, Maria Vicentina Pereira (tia da vítima) e Cristina dos Santos Gonçalves (víuva).
"Foi inevitável", disse Thor Batista
No dia 25 de abril, Thor Batista afirmou, em depoimento à Justiça, que o acidente "foi inevitável". Sobre as dezenas de multas em seu nome, ele afirmou que desconhece as notificações e deu a entender que as infrações foram cometidas pelos seguranças da família Batista, que, às vezes, usam os carros à noite.
No depoimento, Thor disse também que costumava dirigir na rodovia Washington Luis variando entre 70 km/h (na serra) e 100 km/h (nas retas) — a máxima permitida no local da batida é de 110 km/h. No último dia 9 de abril, a polícia divulgou novo laudo pericial, que atestou que Thor dirigia a uma velocidade entre 100 e 115 km/h no momento do acidente.