"Absurda, autoritária e perigosa": motoristas dizem o que acham de redução de velocidade para 30 km/h
Medida está valendo em parte da Lapa, na zona oeste de São Paulo, desde segunda-feira (11)
São Paulo|Do R7
Desde segunda-feira (11), a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) implementou a primeira área da cidade com velocidade máxima de 30 km/h. Porém, motoristas que circulam pela região consideram a medida “um absurdo” e dizem que a mudança é “autoritária”.
De acordo com o gestor de segurança Miguel Carlos dos Santos, a rua Nicolau Perrone tem muitos assaltos e, por isso, é uma área de risco em que os motoristas não podem andar muito devagar.
— Aqui tem muito assalto. A maioria dos motoristas vai ser contra porque isso é um absurdo. Isso tudo é para a prefeitura ganhar dinheiro. Se você não é roubado pelo ladrão, é roubado pelo município.
Além disso, ele afirma que “se o cara quiser andar a 100 km/h, ele vai andar a 100 km/h. Não é a placa que vai fazer ele não correr”.
A nova velocidade foi implantada em um quadrilátero de 1,4 km² formado por um trecho da marginal do Tietê, as avenidas Ermano Marchetti e Santana Mariana e a linha da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na Lapa de Baixo, na zona oeste da capital.
Pedro Evangelista de Oliveira é formado em direito e diz que não concorda com a redução e que uma medida dessas deveria estar “fora de cogitação”.
— Eu não aprovo. Eu já perdi a minha carta por causa dessa porcaria. Isso é uma indústria da multa mesmo. Estou vendendo o meu carro 1.6 e vou passar a andar de fusquinha na rua.
De acordo com Oliveira, é preciso que os motoristas sejam educados para que não seja preciso colocar placas de redução de velocidade e radares:
— O prefeito teria que pensar em meios de educar a população. Uma bicicleta anda mais rápido que isso e a bicicleta também mata. Mas a bicicleta eles vão multar? Ele [Fernando Haddad] quer ter mais dinheiro para criar mais ciclofaixa.
A rua Corcovado também teve sua velocidade reduzida e o taxista Fausto Ferreira também considerou a medida “um absurdo”. Ele afirma que “não estava nem sabendo” da redução.
— Isso demonstra a incapacidade de tomar uma decisão. Eles [prefeitura] não fazem a menor pesquisa. O objetivo disso é só arrecadar dinheiro. Eles dão a desculpa que é porque aqui tem pedestre. Mas na marginal não tem pedestre e eles reduziram.
Outra via atingida pela redução foi a rua do Curturme. O motoboy Gil Araújo trabalha pela região e diz que a medida é boa porque evita acidentes, mas é ruim para o motorista.
— Tem que prestar atenção e olhar o radar. 'Os motoca' têm que ter cuidado porque às vezes tem que correr para fazer entrega.
O taxista Milton Ribeiro também trabalha na região e estava, nesta quarta-feira (13), com o carro estacionado na rua Emílio Goeldi, que também foi atingida pela medida. Ele diz que “ninguém avisou” sobre a mudança na área. Ele diz que o problema da redução, para ele, é que ela foi “imposta” e que os motoristas não puderam falar que eram contra a medida antes de ela ser colocada em prática.
— Por força do hábito, a gente anda em uma velocidade. Aí muda e fica difícil saber onde mudou.
A CET informou que a medida faz parte da nova fase do PPV (Programa de Proteção à Vida). Segundo a companhia, a "Área 30 é uma Área de Velocidade Reduzida onde será regulamentada a velocidade máxima de 30 km/h, a serem implantados em locais onde um conjunto de vias predominantemente locais, com uso do solo misto, concentra grande circulação de pedestres".
Ainda de acordo com a CET, "como nas demais ações do Programa de Proteção à Vida, o objetivo é reduzir os riscos de acidentes, promovendo o compartilhamento seguro e harmonioso do espaço viário entre os diferentes modos de deslocamentos dos cidadãos. A prioridade é a defesa dos mais frágeis, os pedestres, e também dos ciclistas e motociclistas, uma vez que tais usuários muito embora conduzam veículos, também estão expostos".
Para a implantação da mudança, a companhia irá utilizar 48 placas de sinalização vertical de regulamentação, advertência e educativas, além de 40 m² de sinalização horizontal nas vias afetadas pela mudança e oito banneres alertando sobre as alterações. O R7 constatou ao menos um banners de aviso sobre a mudança da velocidade máxima no local.