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Acesso a armas e transtornos mentais podem levar crianças a cometer crimes

Vários fatores podem levar um jovem a apresentar um comportamento agressivo

São Paulo|Do R7*

Marcelo Eduardo Pesseghini, de 13 anos, é o principal suspeito da morte dos pais, da avó e da tia-avó
Marcelo Eduardo Pesseghini, de 13 anos, é o principal suspeito da morte dos pais, da avó e da tia-avó Marcelo Eduardo Pesseghini, de 13 anos, é o principal suspeito da morte dos pais, da avó e da tia-avó

Dois meninos de São Paulo, filhos de policiais militares, foram destaque na imprensa esta semana após se envolverem em crimes com armas de fogo. Um deles teria se matado após uma briga familiar, enquanto o outro é apontado pela polícia civil como suspeito de matar quatro parentes, antes de se suicidar.

Nenhum dos casos foi esclarecido até agora, mas eles já chamaram atenção para a relação entre crianças e violência. De acordo com pesquisas recentes e especialistas em comportamento infantil, vários fatores podem levar uma criança a apresentar um comportamento agressivo, dentre eles transtornos mentais e o acesso a armas de fogo.

Para Priscila Gasparini Fernandes, psicóloga e doutora em psicanálise pela USP (Universidade de São Paulo), não há definição científica que possa justificar um comportamento agressivo em uma criança. Ela ressalta que cada caso precisa ser analisado individualmente, já que há várias razões que podem levar uma criança a cometer crimes.

— Alguns autores se referem a uma vida social menos privilegiada, mas há também a parte genética e social. Escola, família, tudo interfere e faz com que a formação do caráter não seja adequada.

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Nos Estados Unidos, que possuem as estatísticas mais confiáveis, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens de 10 a 24 anos, segundo dados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês). Quase metade desses jovens se matam utilizando armas de fogo.

Diante desses dados, pesquisadores do Centro Médico Nacional de Crianças, em Washington, tentaram detalhar o perfil de jovens que são considerados potenciais suicidas — todos eles já recebem acompanhamento psicológico.

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A pesquisa mostrou que, a cada cinco desses jovens, um deles tem acesso a armas de fogo dentro de casa. O estudo, que avaliou 521 jovens com idades entre 10 e 21 anos, foi apresentado em maio deste ano no encontro anual da Associação Acadêmica de Pediatria dos EUA.

Um dos autores do estudo, o médico Jeffrey A. Bridge, declarou que “muitos jovens que se matam possuem algum tipo de distúrbio psicológico, mas cerca de 40% deles não sabem que são portadores de uma doença mental”.

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Histórico social

Outros fatores, como a genética e o histórico social, também podem ser responsáveis por desencadear condutas não adequadas.

Um exemplo é o caso de Cristian Fernandez, um jovem norte-americano de 13 anos que está sendo julgado como adulto por ter espancado até a morte seu meio-irmão de dois anos, além de ter estuprado outro meio-irmão, de cinco.

Segundo informações veiculadas pela imprensa americana, a mãe de Cristian tinha apenas 12 anos quando ele nasceu, fruto de um estupro, e desde a infância o menino já estava acostumado a simular atos sexuais, torturar e matar pequenos animais. O pai foi preso, enquanto o padrasto, que se suicidou em 2010, costumava bater no pequeno. Além disso, sua mãe e sua avó eram usuárias de drogas. Se Cristian for condenado por homicídio doloso, poderá receber pena de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.

A doutora Ana Beatriz Barbosa Silva, médica psiquiatra e autora do livro Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado, explica que “as crianças que cometem esse tipo de crime não acham que estão fazendo algo errado”.

— A estrutura do “cérebro perverso”, que é um termo científico que nós usamos para substituir “psicopático”, mas sinônimo, funciona 100% com a razão e zero emoção. Eles sabem que o que fazem é errado perante a sociedade, mas eles não têm a capacidade de ter empatia ou de perceber que estão causando sofrimento.

Mas a especialista ressalta que, apesar de o ambiente familiar e social influenciar os atos dos menores, nem todas as crianças que sofrem violência física, moral ou sexual, ou que testemunham esse tipo de agressão, irão se tornar criminosos ou vingativos.

*Ana Carolina Neira e Marta Santos, estagiárias do R7

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