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Adolescentes denunciam seguranças de shopping por espancamento e tortura com eletrochoque

Caso foi registrado na polícia e é acompanhado pela OAB; estabelecimento nega violência

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Caso teria acontecido no São Bernardo Plaza, no ABC paulista
Caso teria acontecido no São Bernardo Plaza, no ABC paulista

Quatro adolescentes, entre 14 e 17 anos, denunciaram ter sido agredidos e torturados dentro do Shopping São Bernardo Plaza, no ABC paulista, no último sábado (19). Os autores da violência seriam cinco seguranças do estabelecimento. Um deles teria usado uma máquina de choque contra um dos garotos. 

Familiares dos meninos registram boletim de ocorrência na Polícia Civil e o caso chegou à Comissão da Infância e Juventude da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Bernardo do Campo, que vai acompanhar as investigações. De acordo com o presidente da comissão, Ariel de Castro Alves, que é membro do Grupo Tortura Nunca Mais e do Movimento Nacional de Direitos Humanos, a tia de um dos jovens relatou que, além dos chutes, tapas e socos, um dos vigilantes supostamente colocou uma arma de fogo na cabeça de um dos adolescentes e fez “roleta russa”.

Para Alves, se as denúncias se confirmarem, está caracterizado crime de tortura, e não lesão corporal, conforme consta no boletim de ocorrência. A pena é de reclusão de dois a oito anos.

— Choque, roleta russa. Eles teriam sido submetidos a intenso sofrimento físico e psicológico, o que configura tortura.


O representante da OAB considerou o episódio “muito grave” e informou que a comissão acionará a Ouvidoria de Polícia, já que um dos seguranças teria se apresentado como policial civil.

— O Shopping e a empresa de segurança podem responder também por manterem pessoas desqualificadas e violentas como seus funcionários. Esperamos que a polícia investigue os crimes. Cobraremos os resultados do Inquérito Policial e acionaremos a Ouvidoria de Polícia para que seja realizada apuração sobre a participação de uma pessoa que se identificou como policial civil. Também cobraremos da Polícia a Federal a verificação da regularidade da empresa de segurança que atua no shopping e se todos os seus funcionários receberam formação adequada.


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Na manhã desta quarta-feira (23), Alves se reunirá com os responsáveis pelos adolescentes.


“Eles levaram um monte de pancada”

Mãe de um dos garotos envolvidos no episódio, a cabeleireira Beatriz Martins, 37 anos, relatou que, no sábado, o filho, de 14 anos, ligou para ela em pânico, dizendo que havia apanhado dentro do shopping e que conseguiu escapar dos vigilantes.

— Só que os seguranças estavam correndo atrás deles. Meu filho estava correndo no momento em que me ligou. Não sabia nem a rua em que tinha entrado. Eu perguntava: “Onde você está?” E ele falava: “Não sei, mãe”.

Beatriz disse que a confusão começou quando um dos seguranças pediu que os adolescentes deixassem o local.

— Eles contaram que entraram no shopping, foram tomar um sorvete e que encontraram umas meninas e começaram a paquerar, a trocar telefones. Nisso, um segurança se aproximou e pediu que eles se retirassem.

Segundo ela, os jovens disseram ter sido levados para um corredor e espancados. Os quatro foram submetidos a exame de corpo de delito.

— Eles levaram um monte de pancada. Chute, murro, tapa na cara [...]. Teve um que ficou muito machucado. Foi o que levou choque. Meu filho ficou todo dolorido, mas não está com hematomas. Ele é bem moreninho. Está tomando antiinflamatório para dor no corpo.

Para a cabeleireira, o sentimento é de revolta. De acordo com ela, quando chegou ao shopping e cobrou esclarecimentos a um dos seguranças, o profissional informou que “não tinha conhecimento do fato”.

— São todos estudantes [os adolescentes]. Este menino que apanhou mais, além de estudar, trabalha em um supermercado da região [...] Existe o lado de eu ser mãe e de ficar revoltada por meu filho ter apanhado e existe também o outro lado que eu gostaria de saber se ele tinha cometido algo de errado dentro do shopping. Só que cheguei lá e o segurança disse que não tinha conhecimento do fato.

Outro lado

Por meio de nota, o São Bernardo Plaza negou “envolvimento de seus funcionários em ação violenta contra qualquer visitante no complexo”.

Enfatizou ainda que “sua equipe é altamente capacitada para garantir a segurança e bem estar dos frequentadores do centro de compras".

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