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Advogado da família de Bianca Consoli refuta confissão e fala em ‘tese armada’ por Dota

Cristiano Medina explica nova carta do acusado e crê em condenação em no máximo dois dias

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Sandro Dota admite ter matado a cunhada, Bianca Consoli, mas nega o estupro do qual também é acusado
Sandro Dota admite ter matado a cunhada, Bianca Consoli, mas nega o estupro do qual também é acusado Sandro Dota admite ter matado a cunhada, Bianca Consoli, mas nega o estupro do qual também é acusado

O advogado da família de Bianca Consoli, Cristiano Medina, recebeu sem surpresa a notícia de que o motoboy Sandro Dota escreveu uma carta na qual confessa o assassinato da jovem, em 2011. Ao contrário do que alega a nova defesa do acusado, Medina, que também é assistente de acusação no caso, diz que não ocorreu qualquer confissão por parte de Dota, preso desde dezembro de 2011 no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo.

— Na verdade o Sandro Dota não confessou absolutamente nada. Trata-se de uma estratégia da defesa, que está constatando que não conseguiria tirá-lo da cena do crime, em virtude do robusto conjunto probatório que consta nos autos, acabou criando uma nova tese, a qual não é sustentada pela prova dos autos.

Cristiano Medina completou:

— Ele (Dota) busca duas linhas jurídicas, segundo deu para perceber na carta apresentada, que seria: não teve vontade de matar, e talvez um homicídio privilegiado, em virtude de uma injusta provocação da vítima. Só que essas teses não se sustentam, uma vez que o próprio laudo pela perícia provam as lesões na Bianca, tanto no corpo e quanto no ânus, então o estupro está provado, bem como a vontade de matar.

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Segundo a nova defesa do motoboy, encabeçada pelo advogado Aryldo Oliveira de Paula, a carta foi escrita de próprio punho, no dia 2 de agosto deste ano. Nas três páginas da carta, Sandro Dota afirma ter ido até a casa de Bianca, em setembro de 2011, para tirar satisfações sobre uma discussão que ela teria tido com o sobrinho, filho da irmã dela, Daiana. O acusado alega ainda que foi agredido, que não teve intenção de matar a vítima e que não a estuprou.

Para Medina, uma confissão só se configuraria se Dota tivesse admitido o crime com base na acusação, que imputa a ele o crime de homicídio triplamente qualificado (meio cruel, motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima) e por estupro. O advogado da família Consoli ainda vê uma série de incongruências na nova versão do motoboy.

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— Quando ele diz na carta que foi até a residência da Bianca para tentar tirar satisfação com ela, então o que ele está tentando tirar da frente? Ele quer tirar a premeditação. Ele cria um motivo para ir até a casa de Bianca, só que esse motivo é inexistente. Nunca houve atrito entre a Bianca e o Danilo (sobrinho dela). O Sandro Dota nem era pai do menino. Isso a gente já quebra com o próprio depoimento do Danilo. Uma outra questão importante também: ele diz que teria dado uma gravata na Bianca e ela teria desfalecido, e que ele não teve vontade de matar. Só que na sequência ele fala que colocou uma sacola plástica na boca da menina, então ele mesmo já se contradiz. Quando ele diz que não teve vontade de matar, ele afirma que introduziu a sacola plástica na boca dela. Quem faz isso tem ciência, tem noção e tem vontade de matar.

Sobraram também críticas também à nova defesa do acusado:

— O Sandro não tem condições técnicas de colocar os termos utilizados na carta. Ela foi evidentemente desenhada pelo advogado. Então essa carta é estratégica, desenhada evidentemente pela nova defesa.

Depois do primeiro julgamento do caso, no dia 23 de julho, ter sido adiado após o motoboy pedir a desconstituição do seu advogado na época, Ricardo Martins, um novo júri popular foi marcado para o próximo dia 16 de setembro, mais uma vez no Fórum Criminal da Barra Funda. A expectativa, segundo Medina, é de que o novo julgamento dure dois dias, com a exibição dos depoimentos em um dia, seguido do interrogatório do réu e dos debates.

Procurado pelo R7, o promotor do caso, Nelson dos Santos Pereira Júnior, se posicionou por meio de uma nota. Nela, ele endossou a tese de Medina e afirmou que tudo faz parte de uma estratégia de Dota.

— No curso do processo e da instrução criminal produzida na data do julgamento, a prova colhida não deixou qualquer possibilidade para o réu negar a autoria dos crimes e, por isso, acredito que antevendo a possibilidade de ser condenado em ambos os crimes, o réu buscou o adiamento para, em outra oportunidade, quiçá se safar de algum deles e obter pena menor (...). Não vamos adentrar ao mérito da carta noticiada na imprensa – até porque o réu, oficialmente, não admitiu sua autoria e nem trouxe nova versão dos fatos – mas já vislumbramos que, havendo a noticiada confissão, ele tentará contar uma estória para “justificar” sua conduta.

O promotor concluiu garantindo "estar convencido que o réu praticou os crimes", o que uma "eventual confissão só irá confirmar o que já havia sido provado", de acordo com Pereira Júnior.

O caso

O corpo da universitária Bianca Consoli, 19 anos, foi achado pela mãe dela, caído próximo à porta de saída de casa, na zona leste de São Paulo, no dia 13 de setembro de 2011. Segundo a polícia, a jovem foi atacada quando havia acabado de tomar banho e se preparava para ir à academia.

Na cama, os investigadores encontraram a toalha usada pela estudante, ainda molhada. A garota teria reagido à presença do criminoso e começado uma luta escada abaixo. Foram localizadas mechas de cabelo pelos degraus. Dentro da garganta da vítima, a polícia encontrou uma sacola plástica, usada pelo autor para asfixiar a universitária.

Assista ao vídeo:

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