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Alga no sapato indica que Mizael entrou na represa, diz biólogo

Especialista foi a segunda testemunha da acusação a ser ouvida no primeiro dia de júri

São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7

O julgamento de Mizael Bispo começou nesta segunda-feira
O julgamento de Mizael Bispo começou nesta segunda-feira

A segunda testemunha a ser ouvida durante o julgamento de Mizael Bispo, no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo, foi o biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo. Na época do crime, ele fez a análise da alga encontrada no solado do sapato do réu.

Durante seu depoimento, ele explicou que a alga é uma espécie subaquática que também se desenvolve às margens de represas, como a de Nazaré Paulista, interior de São Paulo, onde o corpo e o veículo de Mércia Nakashima foram encontrados em junho de 2010.

O biólogo contou ainda que chegou a coletar essa mesma alga na represa de Nazaré Paulista durante um projeto para reconhecer a fauna e a flora do Estado de São Paulo. Ainda de acordo com Bicudo, para que Mizael tivesse essa alga no solado do sapato, ele precisaria ter pisado dentro da represa, pois é uma espécie que só vive submersa, em pelo menos, 20 cm de profundidade.

— Esse sapato teria que ter entrado na água e pisou na vegetação. Não existe outra possibilidade da alga estar lá.


Quando questionado, Bicudo afirmou ainda que essa alga não pode se desenvolver em poças de água.

— Negativo, são ambientes temporários.


Durante o seu depoimento, o biólogo também comentou um parecer emitido pelo físico Osvaldo Negrini Neto, a pedido da defesa. No documento, Negrini diz que as algas podem se desenvolver em ambientes terrestres e em poças de água. Ele será uma das testemunhas de defesa a serem ouvidas nos próximos dias.

Veja fotos do primeiro dia do júri popular


Para Bicudo, é “um documento muito bem redigido, mas conteúdo científico biológico não tem”. Ele voltou a afirmar que a alga encontrada no sapato do réu necessita de água para se desenvolver e que não há relatos da existência da espécie em terra firme.

Defesa

A defesa de Mizael Bispo, representada pelos advogados Ivon Ribeiro, Samir Haddad e Wagner Garcia, tentaram durante o depoimento do biólogo levantar a possibilidade da alga ter aderido ao sapato em uma outra ocasião. Para isso, questionaram Bicudo sobre tempo de vida da espécie e em quais outros lugares, ela poderia ter sido encontrada.

A testemunha informou que a espécie sobrevive de 10 a 15 dias após a saída do local. Ele também respondeu às indagações da defesa durante uma pergunta formulada por um jurado que quis saber em quais outros lugares essa alga poderia ter sido encontrada além de Nazaré Paulista.

O biólogo afirmou que a planta “já foi identificada no Jardim Botânico de São Paulo”. 

Julgamento

Cinco mulheres e dois homens formam o conselho de sentença de Mizael Bispo. O julgamento do policial reformado começou por volta das 10h40. Ele vai a júri popular pela morte de Mércia Nakashima, assassinada em maio de 2010.

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