Antes de reutilizar água em prédios, é preciso fazer levantamento do consumo, diz especialista
Lílian Sarrouf avalia que seca em SP está impulsionando a procura por sistemas de reúso
São Paulo|Ana Cláudia Barros, R7
Em tempos de crise hídrica, o debate em torno do reúso da água em edificações se torna cada vez mais necessário. Ao R7, a coordenadora técnica do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Lílian Sarrouf, afirma que a preocupação com a sustentabilidade vem crescendo nos últimos quatro anos, sobretudo, no que diz respeito aos prédios comerciais. Na avaliação dela, a falta de água está impulsionando a procura por sistemas de reúso.
— Muitas práticas já foram sendo incorporadas até sem perceber. Por exemplo, as bacias sanitárias usam menos água do que antigamente [...] O reúso está muito voltado para a captação de água de chuva e alguma água de drenagem do subsolo (proveniente de lençol freático). Esta água é utilizada para a lavagem de garagem, para regar jardim. Tanto nos prédios residenciais quanto nos comerciais.
De acordo com ela, nos centros comerciais maiores, já é possível encontrar estação de tratamento interna.
— Água que se aproveita, inclusive, no resfriamento de ar condicionado e de outros equipamentos.
A especialista afirma que algumas edificações têm sido construídas já com o sistema para o reaproveitamento da água. No caso dos prédios que não o dispõem, é preciso avaliar se há viabilidade técnica. Segundo a representante do SindusCon-SP, se a meta for a obtenção de água não-potável, o custo de instalação não é considerado alto.
— Se você falasse para mim, tenho um prédio com 20 andares, tenho uma área no térreo e quero captar a água para regar o jardim e lavar a garagem, não seria um sistema caro. Simplesmente, você vai direcionar isso para um tanque, uma caixa d’água, fazer uma filtragem mecânica, uma grelha que vai tirar as folhas, mas você reaproveita essa água. Ela não precisa ser potável. Se fosse necessário ser água potável, aí, já seria mais complicado.
Lílian Sarrouf enfatiza ainda que, antes de pensar em reúso, é importante fazer primeiro um levantamento do consumo.
— A primeira coisa é o levantamento do consumo, até para ver se há perdas ou não. Sabemos que o maior desperdício da água ainda está nos vazamentos, válvulas desreguladas. Então, a primeira recomendação é mapear e ver se há vazamento ou não. O segundo passo é verificar os equipamentos: as louças, torneiras. É realizar um “raio-x” do prédio. Só de fazer isso, você vai diminuir muito a perda de água no condomínio.
Empresas confiáveis
A especialista enfatiza que os prédios que pretendem se adaptar para fazer água de reúso devem procurar empresas confiáveis no mercado. Contratar profissionais que atuam na informalidade pode significar prejuízo e transtornos.
Ela destaca ainda que, ao instalar sistema de reúso, é preciso “ter muito cuidado com as tubulações e as torneiras devem ser separadas das de água potável”, para evitar contaminação. Lílian diz que as torneiras de reúso precisam ter acesso restrito.
— Por exemplo, uma torneira de jardim, que use água de reuso, de alguma forma, ela deve ser travada, porque uma criança não pode tomar essa água.