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Apesar da fila, SP tem mais de 120 crianças aguardando adoção

Preferências por bebês recém-nascidos e de pele clara fazem tempo de espera aumentar

São Paulo|Caroline Apple, do R7

Crianças mais velhas são maioria na lista de adoções do Estado
Crianças mais velhas são maioria na lista de adoções do Estado

Até novembro deste ano, 125 crianças aguardavam em abrigos no Estado de São Paulo a oportunidade de ter uma família. Do outro lado há 1.441 pessoas esperando a oportunidade para realizar o sonho de ter um filho. Então, por que a conta não bate?

O cálculo não fecha e a fila não zera porque essas crianças não correspondem às expectativas de adoção, que passam por crivos de idade, cor e comportamento. 

De acordo com Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, desembargador e coordenador da Infância e da Juventude do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), 90% das pessoas que desejam adotar aguardam um perfil bem específico de bebês. Essa maioria quer um recém-nascido.

— Temos que desconstruir a fantasia de que só se é mãe ou pai se trocar fraldas ou ensinar a falar. Apesar dos esforços para conseguirmos realizar adoções tardias, a partir dos três anos a criança passa a ter mais dificuldade em ser adotada e a fila demora para diminuir. Quem quiser adotar agora uma criança mais velha consegue, mas a busca focada em apenas um perfil aumenta o tempo de se tornar pai ou mãe e reduz a chance de outras crianças encontrarem uma família.


E a fila afunila ainda mais quando o assunto é cor da pele. Dados do Cadastro Nacional de Adoção, em 2013, apontam que apenas 33% das crianças que vão para adoção são brancas, mas 26% dos futuros pais adotivos exigem crianças com pele clara, deixando no limbo milhares de crianças negras e pardas que, com o passar do tempo, ainda sofrem rejeição por serem mais velhas.

Outro problema, segundo o desembargador, que faz a fila de espera por recém-nascidos aumentar, é a prática da adoção por meios ilegais, como a barriga de aluguel e a solidária (que envolve pagamento).


Carvalho explica que muitos desses bebês poderiam ir para famílias que querem fazer uma adoção dentro da lei, porém são "desviados" e ficam com pessoas que podem, inclusive, perder a criança quando tentarem registrá-la e não conseguirem provar as formas como essa criança foi parar na família.

— Tem gente que compra criança ou faz barriga de aluguel ou solidária e vai depois de anos tentar registrá-la em nome de quem a adotou. Isso é feito porque o juiz considera que retirar a criança do ambiente em que ela está pode causar prejuízos a ela. Entretanto, no meu entendimento, não há idade para retirar a criança de uma família, quando essa se mostrou incapaz de conseguir um filho adotado por meio legal. Que crédito essa família merece? Não há princípios. A venda de crianças tem que acabar.


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