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Após acampamento do MTST na Paulista, moradores pedem saída de escritório da Presidência

Não é a primeira vez que manifestações têm como destino Gabinete Regional da Presidência

São Paulo|Do R7

O acampamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) na avenida Paulista está prestes a entrar na terceira semana e foi o estopim para que moradores da região fizessem um abaixo-assinado com objetivo de acabar com protestos no local.

As barracas e construções improvisadas tomam parte da calçada entre as ruas Haddock Lobo e Augusta, na saída de uma das estações mais movimentadas do metrô.

O prédio em frente à ocupação sedia o Gabinete Regional da Presidência da República na capital paulista. Tratam-se de escritórios cedidos pelo Banco do Brasil para o uso do Executivo, quando necessário. 

A presidente da Samorcc (Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César), Célia Marcondes, diz que a questão não é o protesto do MTST em si, mas o chamariz para manifestações que o gabinete se tornou.

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“Essa questão atual é temporária. Mas qual será o próximo protesto? Na época da Dilma, já ficavam lá embaixo gritando ‘fora, Dilma’, os moradores também ficaram incomodados. O que a gente quer é que acabe de vez com esse escritório aqui”, afirma ela alegando os custos que a União tem para manter o local.

O abaixo-assinado, lançado na semana passada, já colheu mais de 1.000 assinaturas e deverá ser encaminhado para Brasília nos próximos dias.

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Além disso, comerciantes reclamam da queda do movimento. Em uma ótica na Paulista, a vendedora diz que os clientes apertam o passo e poucos ficam parados na vitrine.

O R7 esteve na manhã desta segunda-feira (6) no local e conversou com algumas pessoas que passaram a conviver com as dezenas de barracas. Muitas delas preferem não ser identificadas por medo de alguma represália.

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O acampamento é pacífico, dizem os comerciantes, mas causa desconforto. “Quem sai do metrô evita passar aqui”, diz a funcionária de um café na rua Augusta, onde o movimento caiu 60%, segundo ela.

Empregados de um restaurante dizem que alguns integrantes do movimento urinam na rua durante a noite, o que já gerou queixas de clientes. “A calçada tem que ser lavada todo dia”, afirma uma funcionária.

“Ontem [domingo] teve alguma coisa de cadastramento e acumulou muita gente aqui na porta. Teve cliente nosso que não entrou”, acrescenta.

Quem está nas barracas diz que alguns estabelecimentos ainda permitem o uso dos banheiros, como é o caso de uma lanchonete do Habib’s na rua Augusta.

Hóspedes de um hotel quatro estrelas dão de cara com a ocupação logo que saem na calçada. A rede espanhola dona do hotel prefere não comentar.

Enquanto a reportagem esteve no acampamento, foi possível ver um casal varrendo a calçada e outras pessoas que separavam lixo reciclável.

Apesar do tom pacífico relatado, alguns moradores disseram que integrantes do MTST tentaram atacar membros da Associação Paulista Viva, na frente da sede da entidade, na última sexta-feira (3).

Ninguém da associação foi localizado nesta segunda-feira para falar sobre o assunto.

O acampamento

Desde a chegada ao local, em 15 de fevereiro, os manifestantes se organizaram. Há uma cozinha que funciona com doações e alimenta tanto acampados quanto moradores de rua da região.

O acampamento também tem uma pequena loja com produtos do MTST e um espaço para eventos, onde ocorrem aulas públicas e discursos e até shows.

Claudir da Silva Alves faz parte do grupo que cuida da infraestrutura dos acampamentos do MTST e diz que reuniões em Brasília vão definir os rumos do movimento até o meio desta semana.

“A partir de quinta-feira, nós já teremos um resultado para bater em retirada”, explica.

Ele elogia a postura de moradores e transeuntes. “É muito difícil alguém não gostar. A maioria são pessoas excelentes com a gente. Muito bom o povo daqui da Paulista. De cada 200 que passam aqui, um reclama”.

A ocupação tem como objetivo pedir que o governo federal libere as contratações de novas unidades da faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, que beneficia famílias de baixa renda.

O Ministério das Cidades disse que houve uma reunião entre o ministro Bruno Araújo, deputados e representantes dos movimentos por moradia. Segundo a pasta, “dentro das próximas semanas, 170 mil novas unidades habitacionais serão contratadas na Faixa 1 sendo: 100 mil no Fundo de Arrendamento Residencial, 35 mil rural e 35 mil na modalidade urbana”.

O R7 procurou a Presidência da República para comentar o caso, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. 

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