Após assassinato de ex-presidente, fundadores da Mancha Verde juram vingança
Moacir Bianchi foi assassinado na madrugada desta quarta-feira (1) no Ipiranga, na zona sul
São Paulo|Peu Araújo, do R7
Um áudio vazado na tarde desta sexta-feira (3) revela um plano de fundadores e antigos membros da torcida palmeirense Mancha Alvi Verde vingarem a morte do ex-presidente Moacir Bianchi, assassinado com 22 perfurações de arma de fogo na madrugada desta quarta-feira (1) no Ipiranga, zona sul de São Paulo. “Nós vamos chegar pra tombar, nós vamos chegar pra deitar todo mundo. O que fizeram com o Moacir foi covardia”.
O áudio supostamente gravado por um fundador da organizada identificado como Fred alerta para uma retaliação pela morte do companheiro assassinado. “Avisa os ‘cara’ da (zona) norte, avisa os ‘cara’ da ZL (zona leste) que vai ter represália e eu tô voltando pra Mancha depois de 20 anos” e faz um anúncio. “Nós vamos fazer a nova Mancha.”
Em outro trecho, o suposto fundador é mais direto. “Toda essa bandidagem, os ‘cara’ vão ser tombados. Não é promessa, é juramento. Eu juro, não ameaço.”
Ele ainda elenca os antigos membros e fundadores que foram acionados para a retomada da Mancha Verde. “Eu já falei com o Paulinho (Paulo Serdan), falei com o Paulo Preto e nós vamos ativar a Mancha do nosso jeito, os fundadores estão voltando”. Ele cita ainda nomes históricos da torcida como Tibuí e Atibaia.
De acordo com outro áudio, sem identificação, um suposto membro da Mancha Alvi Verde relata ainda que cinco membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) estiveram na reunião de quarta-feira, data em que Moacir foi morto. “Eles falaram que não é torcida lá, que é o crime. Acabou o respeito."
Em um terceiro áudio, outro suposto torcedor — que afirma estar na reunião que aconteceu horas antes do assassinato — é categórico. "Todo mundo tem certeza que quem matou ele foi o Primeiro Comando da Capital, parça."
O quarto áudio é de outro homem que afirma ainda que este foi um comunicado da facção. "Eles (PCC) deram o primeiro recado. É só o primeiro. É isso que tá acontecendo com essas torcidas que não aceitam que o comando entre nas torcidas e manda parar [com as brigas] vai acontecer isso. O recado foi dado."
Uma conversa de WhatsApp entre dois supostos membros da torcida também confirma o final da Mancha Verde, depois de 34 anos, e a intervenção do crime na organizada.
Os áudios fortalecem a tese da polícia de que a morte de Moacir teve participação do PCC. No entanto, outra linha de investigação apura um racha na torcida palmeirense. Neste raciocínio, o conflito foi considerado uma resposta a uma briga ocorrida no dia 12 de fevereiro entre membros da sede, em Perdizes, com integrantes de outras regiões.
Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirma que "o DHPP investiga a morte de Moacir Bianchi. A vítima foi encontrada no interior de um veículo preto com ferimentos provocados por arma de fogo na Av. Presidente Wilson. Segundo apuração inicial do DHPP, três veículos pararam no semáforo, sendo que um dos ocupantes desceu e efetuou disparos contra Moacir. Foi instaurado inquérito pela equipe C-Sul da 1ª Delegacia da Divisão de Homicídios do DHPP."
Vídeo flagra assassinato: