Bairros de SP têm corte de água no meio da tarde
Moradores relatam que diminuição da pressão não ocorre mais só no período da noite
São Paulo|Do R7
As torneiras estão secando mais cedo em São Paulo. Antes restrita ao período noturno, quando o consumo é menor, a redução da pressão na rede de distribuição feita pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) tem provocado falta d'água desde o período da tarde em imóveis espalhados por todas as regiões da capital. O abastecimento só volta na manhã seguinte.
Em meio ao agravamento da seca, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou ontem o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, como novo secretário de Recursos Hídricos, sinalizando medidas mais severas na gestão da crise. Braga vai substituir Mauro Arce a partir de 1º de janeiro.
Revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo em abril, a redução da pressão à noite em até 75% é a medida que mais economiza água, segundo a Sabesp, porque diminui as perdas por vazamento na tubulação. Em setembro, por exemplo, foi responsável por 54% de toda a economia registrada, 48% mais do que a alcançada pela população no programa de bônus na conta. O problema é que a prática, intensificada pela empresa por causa da crise, faz com que a água não tenha força para chegar às regiões mais altas e afastadas dos reservatórios dos bairros.
Exemplos
O músico Léo Doktorczyk, de 58 anos, morador da Pompeia, zona oeste capital, região abastecida pelo Sistema Cantareira, relata casos de falta de água.
— Estão cortando [a água] antes e voltando depois. Ontem mesmo [quarta-feira], às 17h30, já não tinha água. Moro em uma casa antiga e quase todo o encanamento está ligado na rede da Sabesp. Minha filha chega em casa da escola e não pode mais tomar banho.
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Wilson Vieira, de 42 anos, mora em Pirituba, bairro da zona norte da capital, também abastecido pelo Cantareira, e relata a mesma situação.
— No começo, eles cortavam a água às 22h. Faz uns dois meses que o racionamento tem começado mais cedo.
Edna Tenório Cavalcante, de 56 anos, vive o mesmo problema no bairro da Cachoeirinha, na zona norte da capital.
— Agora não está nem mais enchendo a caixa d'água. Sou cardiopata, não consigo ficar carregando balde para cima e para baixo.
Em novembro, o atual secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, disse que os cortes por causa da redução da pressão ocorrem somente nos imóveis que não têm caixas d'água. A presidente da Sabesp, Dilma Pena, disse que a medida atinge 2% da população e "veio para ficar".
Sem queixas
Em nota, a Sabesp negou a prática de racionamento e informou que não recebeu queixas de nenhum dos casos listados pela reportagem. "Vale ressaltar que o número de reclamações sobre falta d'água é menor neste ano em relação a 2013", afirma a companhia. A nota diz ainda que é "incorreto pressupor falhas no abastecimento em toda a cidade com base em uma amostra reduzida".