'Bandido fardado tem que ser expulso', diz ouvidor da polícia de SP
Órgão aciona Ministério Público e Corregedoria para que autoria do crime de estupro contra uma jovem de 18 anos seja esclarecida
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
O ouvidor de polícia de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, enviou um ofício ao MPE (Ministério Público do Estado) para abrir um procedimento disciplinar para apurar a participação de um cabo da PM (Polícia Militar) no estupro de uma jovem de 18 anos. O caso ocorreu no bairro Aricanduva, no domingo (14). “Bandido fardado tem que ser expulso imediatamente”, afirmou o ouvidor ao R7.
A autoria do crime está sendo investigada pelo 66º Distrito Policial, no Jardim Aricanduva, zona leste da cidade. “Um cidadão que usa uma arma do Estado para cometer um crime é mais bandido do que o próprio bandido", disse o ouvidor em referência ao depoimento da vítima que relatou o que o suspeito a ameaçou com uma arma e uma faca no interior do veículo.
Caso o policial seja confirmado como autor do crime, será afastado da função. “Ele será julgado, processado e condenado. O crime deve passar pela Justiça Militar”, diz Neves.
Inicialmente, o cabo teve a prisão temporária decretada pela Polícia Civil. No vídeo, o agressor aparece mexendo no porta malas de um Fiat Siena preto, espera a vítima na esquina da rua e a puxa pelos braços em direção ao veículo. O PM suspeito possui um carro da mesma marca, veículo e cor.
Por decisão do Poder Judiciário, o suspeito aguarda em liberdade. “Normalmente o juiz decide pela prisão quando existem fortes indícios da autoria do crime”, diz. Desta vez, porém, segundo o ouvidor, há relatos de policiais civis negando a versão de que o cabo seria o autor do crime. “Trata-se de um ato bárbaro que não pode ficar impune na maior federação do País”, adverte.
No dia 4 de dezembro do ano, o mesmo suspeito de ter cometido o estupro teve de assinar um termo de importunação ofensiva ao pudor passado também na zona leste da cidade. De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado à época, uma estudante de 19 anos relata que uma pessoa conduzindo um carro Siena Preto havia mostrado o órgão genital e dito “olha que gostosa”. A vítima afirma ter reconhecido o motorista e que se tratava de um policial militar.
Como o caso segue em investigação, o policial não foi afastado. “Mas se ficar claro que se trata da mesma pessoa, houve negligência por parte da corregedoria de polícia”, afirma o ouvidor. “Pedimos que o Ministério Público acompanhe para que não haja corporativismo."