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Cartunista sugere medalha a filho de casal de PMs mortos e é ameaçado de morte

Carlos Latuff diz que caso trágico deveria levar a uma discussão social sobre a violência

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Carlos Latuff e a polêmica sobre morte de PMs em SP: ideia é abrir debate, e não ofender familiares das vítimas
Carlos Latuff e a polêmica sobre morte de PMs em SP: ideia é abrir debate, e não ofender familiares das vítimas Carlos Latuff e a polêmica sobre morte de PMs em SP: ideia é abrir debate, e não ofender familiares das vítimas

Conhecido por tratar de assuntos polêmicos em seus trabalhos, o cartunista carioca Carlos Latuff se tornou alvo de ameaças de morte após sugerir uma medalha a Marcelo Pesseghini, de 13 anos, apontado pela polícia como principal suspeito de ter matado os pais, ambos policiais militares, e mais duas parentes na última segunda-feira (5) na Brasilândia, zona norte de São Paulo.

A afirmação que gerou tanta controvérsia, repercutindo inclusive fora do Brasil, foi postada na página do cartunista no Facebook.

— Garoto mata seu pai, que era policial da Rota. Esse menino precisa de duas coisas: atendimento psicológico e uma medalha.

Em entrevista ao R7, Latuff explicou que em nenhum momento a sua intenção foi se promover em cima de uma tragédia ou ofender familiares das vítimas, o sargento da Rota Luis Marcelo Pesseghini, o cabo do 18º Batalhão da PM, Andreia Regina Bovo Pesseghini, a avó Benedita Oliveira Bovo, e a tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva. Para o cartunista, as dúvidas sobre o possível envolvimento de outros policiais no caso, levantado por um coronel da PM durante a semana, torna importante a discussão sobre a atuação policial no País.

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— A primeira informação que chegou é que o filho de um policial da Rota tinha sido morto pelo filho. Podemos dizer que minha afirmação foi leviana, mas a questão é ser provocativo de fato, até para abrir esse debate. A minha intenção não é atingir a família ou os parentes das vítimas. A questão é a necessidade de ter outras linhas de investigação. Foi sugerido que a chacina poderia ter sido cometida por uma quadrilha. A questão do envolvimento policial (em incidentes do tipo) não é novidade, veja as milícias no Rio de Janeiro. O que eu quis foi trazer a baila essa questão da violência policial, mas é algo que sempre gera ameaças, sejam pessoais ou de morte.

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Desde a polêmica postagem, Latuff diz ter sido alvo de muitas ameaças, muitas delas vindo de comunidades que apoiam a ação policial e, segundo o cartunista, “disseminam o ódio e a violência” em torno dessa “coisa sagrada chamada Polícia Militar”. Independente de concordar com o artista, ele afirma que o crime e a repercussão da sua opinião colocam em xeque o caráter democrático da liberdade de expressão.

— Não se pode falar muito de polícia no Brasil. Acompanhando pela imprensa, todo envolvimento policial em casos de violência é colocado como sendo de “alguns policiais”, da “banda podre”. Mas não é levado em conta outros fatores, como a maneira com que essa polícia foi concebida no País. As ameaças que venho recebendo são um retrato dessa animosidade, quando se tenta discutir a violência policial. Se você defende os direitos humanos, os pobres e favelados, acaba sendo alvo.

Duas das ameaças – uma de um oficial da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, e de uma policial que trabalharia na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo – preocuparam Latuff. Em ambas, os críticos teriam prometido “matar a tiros” o cartunista. Ambas já foram levadas ao conhecimento da Secretaria de Segurança gaúcha, onde ele mora atualmente.

Ao mesmo tempo, o artista também vem recebendo muitos apoios pelas mesmas redes sociais. A importância da discussão dos problemas no Brasil é o que o faz projetar a sequência do seu trabalho, sem se eximir de temas espinhosos e polêmicos.

— Por enquanto tudo está acontecendo na internet, acho que quem me ameaçou não imaginava essa repercussão. Nem eu esperava. Independente disso, vou continuar o meu trabalho em causas de cunho social, em defesa dos direitos humanos, colocando assuntos em pauta.

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