Ceagesp segue fechada e vê risco de desabastecimento na Grande SP
Principal entreposto de armazéns da região metropolitana foi inundado pela chuva. Alimentos atingidos serão descartados, segundo comerciantes
São Paulo|Márcio Pinho e Ana Vinhas, do R7
A Ceagesp, principal entreposto de armazéns da Grande São Paulo, seguirá fechada na madrugada e manhã desta terça-feira (11) após ser inundada pela enchente de segunda (10). Uma nova avaliação será feita às 12h, mas a expectativa dos comerciantes é voltar a operar apenas a partir de quarta (12).
Segundo o gerente jurídico da entidade, Christopher Rezende, já há a percepção no setor de que haverá desabastecimento na Grande São Paulo em razão da enchente que paralisou o entreposto, destruindo mercadorias e impedindo a reposição. O tamanho do impacto dependerá do recuo ou não da chuva, avalia.
"Comercializamos 1,7 milhão de toneladas de alimentos por dia. Um dia que falte já dá um impacto grande, por conta do tamanho. É o maior entreposto da América Latina. Se a chuva continuar forte, pode atrapalhar muito a gente. Não tem como entrar caminhão em São Paulo. Se der trégua, estabiliza rapidamente", afirma.
A inundação atingiu a Ceagesp por volta das 3h de segunda-feira, num horário com grande fluxo de caminhões descarregando, ainda mais em uma segunda-feira. A água atingiu especialmente frutas, como melancias. Hortaliças e flores, que costumam ser entregues em outros momentos do dia, não foram atingidas, assim como peixes, que ficam em uma área mais elevada.
De acordo com Cláudio Furquim, presidente do Sincaesp, sindicato que representa os permissionários, o prejuízo "poderia ter sido pior" porque parte dos veículos não conseguiu nem chegar ao entreposto e voltou. "Torcemos para que a perda seja pequena. Mas ainda é impossível calcular", afirmou.
Os comerciantes ainda esperavam a água baixar na noite de segunda para contar os prejuízos. Os menos afetados pela enchente são os que têm mezaninos onde guardar a mercadoria.
Equipes dos bombeiros e da Defesa Civil acompanharam os trabalhos. Caminhões da prefeitura são esperados para o recolhimento das mercadorias, que serão descartadas, segundo os comerciantes.
O presidente do sindicato afirma não acreditar em desabastecimento porque a parte mais forte da chuva passou, segundo os boletins meteorológicos. Além disso, os compradores conseguem achar alternativas se for por um período pequeno, afirma.
Preços
Ainda não dá para saber o impacto da chuva nos preços dos alimentos. De acordo com o professor Mauro Rochlin, dos MBAs da FGV, o que pode acontecer é uma interrupção na oferta de alguns itens. “Se essa interrupção for pontual, por exemplo, durar um dia, o impacto será pequeno. Em uma semana, as coisas se regularizam. Mas, se tiver afetado de maneira mais forte os centros produtores, o impacto é maior”, afirma Rochlin.
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“Para entender como é a dinâmica de preços, basicamente, eles respondem ao estímulo de oferta e de demanda. Quando a oferta é maior, os preços tendem a cair, a se estabilizar, e quando é menor, tendem a aumentar.”
Ceagesp
A Ceagesp foi fundada em 1969 e ocupa uma área equivalente ao tamanho de 70 campos de futebol. Peço espaço circulam cerca de 60 mil pessoas por dia e 12 mil veículos. O serviço pertence ao governo federal e vive a expectativa de mudar de endereço. São estudadas quatro alternativas na Grande São Paulo para retirar o espaço da capital e minimizar assim, o impacto dos caminhões no trânsito da cidade, entre outros.