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Com medo da violência, família de dentista pagava R$ 35 por vigilância particular

Bandidos colocaram fogo na vítima após não conseguirem levar mais do que R$ 30

São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7

Cinthya (foto) teve praticamente todo o corpo queimado
Cinthya (foto) teve praticamente todo o corpo queimado

Uma violência que chocou o bairro de Jardim Hollywood, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Segundo moradores, já houve assaltos na região, mas nada com tanta brutalidade. Porém, nesta quinta-feira (25), bandidos invadiram o consultório da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, 47 anos, na rua Copacabana, para assaltá-la e colocaram fogo na vítima, quando perceberam que ela tinha apenas R$ 30. A mulher morreu na hora.

Para tentar evitar situações como essa, a família da dentista, que mora na mesma residência onde funcionava o consultório, paga uma taxa no valor de R$ 35 mensais por um serviço de vigilância particular que funciona 24 horas. Segundo o pai da vítima, Viriato Gomes de Souza, cada morador paga em média R$ 60, mas por ele ser aposentado tinha um abatimento.

— Ele está sempre por perto [vigilante], hoje não sei o que aconteceu.

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Tentativa de assalto

Há quatro anos, foi um vigilante que evitou um assalto a Cinthya quando ela estava saindo de casa. De acordo com Souza, a sua filha foi abordada por um criminoso com uma faca quando estava deixando a garagem com o carro. Na época do crime, dentro do veículo, também estava a sua mãe e a irmã da dentista.


— Quando ela estava fechando a garagem, foi abordada no carro. O vigilante estava na outra quadra e percebeu. Ele [vigilante] se aproximou e o cara entrou em um carro que estava esperando por ele e fugiu.

Ainda segundo o pai da dentista, o segurança teria saído numa moto em busca do bandido e conseguiu encontrar uma patrulha da polícia no meio do caminho que prendeu o criminoso.


— Nós ficamos sabendo que recentemente ele foi solto.

Segundo a família, desde o episódio, a dentista não tinha sofrido “ameaça”, “intimidação”. Ele também contou que mora no bairro há 34 anos e que os assaltos são frequentes, mas nada com tamanha violência,

— Assaltos frequentes, mas não com tanta violência assim. A gente tem conhecimento de entrar em residência, levarem tudo, mas sem molestar vizinho nenhum.

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“Acabou com a família” 

Moradora do bairro de Jardim Hollywood há 37 anos, Vitória Fernandes, 70 anos, contou que, desde que Cinthya foi assaltada, sempre que saia de carro, pedia para que o vigia da rua ficasse atento à movimentação. Ela disse também que a mãe da dentista já tinha demonstrado preocupação com a violência no bairro.

Para Fernandes, o assassinato de Cinthya “acabou com a família”.

— Foi péssimo. Poderiam ter roubado ela, mas não matar e pôr fogo. [Cinthya] era uma pessoa maravilhosa, muito lutadora e batalhadora.

Rotina

Cinthya Magaly se formou em odontologia em 1991, pela Universidade Metodista de São Paulo, desde então, passou a trabalhar durante as manhãs no consultório que montou em sua própria residência e, no período da tarde, atendia em outros locais. A vítima nasceu em Belém (PA) e, segundo a família, veio para São Paulo ainda criança.

A dentista tinha uma relação muito forte com a irmã mais nova de 42 anos, afirmou o pai.

— A Cinthya era como se fosse uma mãe para ela. Tinha muito afinidade, vivia sempre com a irmã.

O caso

Os criminosos que invadiram o consultório da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, ainda não tinham sido presos até a noite desta quinta-feira (25). Segundo informações da Polícia Militar, eles decidiram encharcar a dentista com álcool e colocar fogo porque não havia mais dinheiro no local e em seguida atearam fogo. Ela morreu na hora.

Ainda segundo a polícia, um dos bandidos pegou o cartão da vítima e realizou dois saques em um banco próximo ao consultório. Ele voltou ao local e o grupo passou a pedir mais dinheiro. Um dos integrantes do bando teria usado o álcool para tentar assustá-la. Como ela disse não ter mais dinheiro, eles decidiram colocar fogo na vítima e fugiram em seguida.

Existe a possibilidade de haver um quarto suspeito envolvido na ação criminosa, que também estaria foragido. 

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