Com reajuste da Zona Azul, flanelinha do centro vai cobrar R$ 6
Preço de uma folha passou hoje para R$ 5; motoristas estão indignados com reajuste
São Paulo|Márcia Francês, do R7
Um flanelinha que atua livremente na rua dos Gusmões, no centro da cidade, onde há restrição de estacionamento, disse que vai cobrar R$ 6 pela folha da Zona Azul a partir de agora. Nesta sexta-feira (1º), o valor oficial de cada folha passa de R$ 3 para R$ 5, um aumento maior que a inflação desde o último reajuste, em outubro de 2009. Antes do aumento, o flanelinha vendia a folha por R$ 4.
Os motoristas não ficaram nada satisfeitos com o novo valor da Zona Azul e estão preocupados com os preços que serão cobrados nas ruas. O administrador Paulo de Tarso Colella, de 66 anos, se antecipou e comprou dois talões em um posto oficial antes do aumento, um para cada carro que possui.
— Eu acho isso um absurdo! De R$ 3 vai pagar R$ 5 se tiver o talão, porque, se não tiver, não sei quanto eles vão cobrar. Podem cobrar R$ 8, R$ 10 na rua.
A gerente de departamento pessoal Viviane Gomes, de 35 anos, não gosta de parar em estacionamentos, pois já foi roubada duas vezes. Por causa disso, ela usa duas folhas de Zona Azul por semana e deixa o veículo na rua. No entanto, ela lembra que já chegou a pagar o dobro do preço oficial e reclama do preço cobrado pelos flanelinhas.
— O horário em que a gente compra não tem banca aberta, fiscalização, nada. Eles vendem pelo valor que querem.
Um talão com dez folhas foi reajustado em 60,7% e subiu de R$ 28 para R$ 45. O motorista Rodrigo Rafael, de 35 anos, usa até dois talões por semana. Ele faz entregas de produtos eletrônicos na região central da cidade e diz que o novo valor vai pesar muito no bolso.
— Para quem tem quatro boquinhas para sustentar, a caixa de leite vai diminuir. Para quem comprava uma caixa com 12, vai vir meia caixa, seis caixinhas de leite.
Falta de talões
A aposentada Tany Birger, de 78 anos, usa ao menos um talão por semana. Para fazer economia, ela tentou estocar talões de Zona Azul antes do aumento, mas, na quarta-feira (30), não encontrou onde comprar na região onde mora no bairro Higienópolis. Ela também está indignada com o novo valor da Zona Azul.
— Um horror! Muita diferença! Onde eu vou, eu paro na Zona Azul, no supermercado, no hortifrúti, no dentista.
Além de motoristas, distribuidores disseram que a expectativa de aumento da Zona Azul tirou o produto de circulação na semana passada. Uma lotérica na rua Barra Funda, na zona oeste, ficou sem talões durante três dias. Luiz Henrique Ferreiro, que tem uma banca de jornais na rua Pedroso Alvarenga com a rua Iguatemi, no bairro Itaim Bibi, na zona oeste, ficou um dia sem a mercadoria.
— Faltou porque as pessoas estão comprando mais, estão estocando. Acho que eles não conseguiram atender à demanda.
Os talões antigos poderão ser utilizados até o dia 31 de dezembro deste ano. A partir de 1º de janeiro de 2015, somente serão aceitas as folhas com o novo valor.
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A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirma que o desabastecimento foi pontual. A empresa municipal informou ainda que não há uma legislação que regule a venda de Zona Azul nas ruas, ou seja, essa prática não é ilegal. Só há infração se o flanelinha coagir o motorista a comprar o produto. Nesse caso, ele poderia ser detido por extorsão. A recomendação é que as pessoas comprem a Zona Azul nos postos credenciados pela empresa. A relação de distribuidores pode ser consultada no site da CET.
O secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto, disse que as pessoas que utilizam o transporte público estavam pagando mais que os motoristas. Estes "atrapalham quem escolhe o transporte coletivo", que não polui e ajuda na mobilidade da cidade de São Paulo. Ainda segundo Tatto, quem opta por usar o carro deve pagar um preço por usar o espaço público.
— Não há interesse por parte da prefeitura de ficar incentivando o uso do transporte individual. Não porque a gente não gosta dele. É porque a alternativa de mobilidade não é o transporte individual, mas sim, o transporte público. A Zona Azul atua como reguladora deste sistema e o preço estava defasado.