Denúncia de propina de R$ 50 mi a ex-diretor para liberar obras manchou gestão Kassab em SP
Investigação indica elo de ex-prefeito com Hussain Aref, que liberava grandes obras na cidade
São Paulo|Do R7
O esquema milionário de corrupção na administração municipal revelado nesta quarta-feira (30), pelo Ministério Público em parceria com a Corregedoria Geral do Município, não é o primeiro escândalo que envolve o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Em maio deste ano, outra investigação do Ministério Público indicou que uma organização criminosa atuava dentro da prefeitura de São Paulo. O bando, encabeçado por Hussain Aref Saab, ex-diretor que aprovava obras para erguer prédios de médio e grande porte da cidade, supostamente recebia propina para dar o aval para os empreendimentos.
Entre as obras liberadas no esquema estariam as dos shoppings Pátio Paulista e Pátio Higienópolis, dois dos maiores centros comerciais da capital paulista.
A suspeita apareceu depois que a Corregedoria Geral do Município identificou que o patrimônio de Aref incluía 106 imóveis, entre apartamentos, casas, terrenos, salas comerciais e vagas de garagem, em seu nome. A estimativa é que esses imóveis, comprados nos últimos sete anos, valham R$ 50 milhões — dinheiro que teria vindo do recebimento de propina.
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Segundo reportagem da revista IstoÉ, porém, os rendimentos mensais de Aref não condizem com esse patrimônio. Ele ganhava cerca de R$ 20 mil — sendo salário e aposentadoria de R$ 9.400 mais cerca de R$ 10,6 mil referentes às receitas de um estacionamento da família.
Um dos promotores que lideraram a investigação contra o esquema de cobrança de propina afirmou à IstoÉ que “a quadrilha cobrava de R$ 40 mil a R$ 400 mil para que fosse autorizada a liberação de áreas para construção na cidade”.
Na época, questionado sobre a atuação do secretário de municipal de Habitação, Orlando Almeida Filho, que era chefe de Aref, Kassab minimizou as acusações e disse que as pessoas que acusavam Aref não tinham “qualificação moral”.
Após a operação de hoje, as autoridades estimam que o rombo nos cofres municipais foi de, pelo menos, R$ 200 milhões, mas o valor pode chegar a R$ 500 milhões. O número exato de empresas, empreendimentos e servidores envolvidos não pôde ser revelado em razão do sigilo das investigações do caso.