Depoimento de babá reforça frieza de Elize, diz promotor
Funcionária foi ouvida pela Justiça nesta terça-feira
São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7
O promotor José Carlos Cosenzo, do 5º Tribunal do Júri da capital, considerou que o depoimento da babá da filha do casal Matsunaga reforçou a imagem de que Elize tinha personalidade "fria e dissimulada". Mauriceia José Gonçalves dos Santos foi ouvida no Fórum Criminal da Barra Funda, nesta terça-feira (11), durante a terceira audiência de instrução do processo sobre o assassinato do executivo da Yoki Marcos Matsunaga. Elize confessou ter matado e esquartejado o marido.
— A babá disse que o comportamento da Elize, depois de matar o marido, era natural, frio, tranquilo, como se nada tivesse acontecido. Ela almoçava normalmente, jantava normalmente, fazia suas compras normalmente.
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Ainda segundo Cosenzo, Mauriceia relatou que, certo dia, após já ter esquartejado o empresário, a acusada simulou ter recebido um e-mail de Marcos. Para tentar enganar a família do herdeiro da Yoki, Elize invadiu correio eletrônico do marido e enviou mensagens se passando por ele.
— Um dia, Elize veio correndo e disse para a babá: “Olha, tem uma notícia excelente. O Marcos está vivo. Ele mandou um e-mail para mim. Mandou para a empresa, dizendo que vai voltar”. Foi o e-mail que Elize tinha fabricado. Até nisso, ela foi absolutamente fria e calculista.
"Veio voando?"
O advogado de Elize Matsunaga avaliou que o depoimento de Mauriceia desconstruiu a ideia de que a ré teve ajuda de um comparsa. Em outubro, o Ministério Público pediu a abertura de um novo inquérito policial para apurar a presença de duas ou mais pessoas na cena do assassinato do empresário. A solicitação foi sustentada em provas técnicas, segundo o promotor José Carlos Cosenzo.
Para o advogado de defesa de Elize, Luciano Santoro, um detalhe, descrito pela babá, tornaria inviável a entrada de um comparsa sem o registro das câmeras de segurança do edifício onde o casal morava, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.
— Hoje [terça-feira], isso acabou de vez com qualquer possibilidade de dúvida. O promotor [Cosenzo] colocava que haveria um lugar dentro do prédio onde existiria um ponto cego [local não alcançado pelas câmeras]. A babá informou durante o depoimento que essa porta fica fechada com cadeado. Então, como a pessoa entrou no apartamento? Veio de paraquedas? Veio voando? Era o Papai Noel?
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Pena máxima
O promotor Cosenzo terá três dias para se posicionar sobre o pedido de exumação do corpo de Marcos Matsunaga. Para ele, a solicitação é uma tentativa da defesa de reduzir a pena de Elize. Se for provado que o empresário não foi esquartejado ainda vivo, uma das qualificadoras [meio cruel] pode ser descartada.
— A defesa se contenta, pelo que se demonstra nos autos, com uma pena de 12, 15 anos. Isso para mim é impossível. Quero a aplicação das três qualificadoras e mais ainda: a ocultação de cadáver e ter matado o marido. Quero uma pena que beire à máxima, que é de 30 anos. Elize responde por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa à vítima, além de ocultação de cadáver.