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Descaso da prefeitura com manutenção deixa paulistanos ameaçados por quedas de árvores

Para ambientalista, Secretaria do Verde está sucateada na atual gestão

São Paulo|Márcia Francês, do R7

Carro é atingido na rua Cardoso de Almeida, zona oeste de SP
Carro é atingido na rua Cardoso de Almeida, zona oeste de SP Carro é atingido na rua Cardoso de Almeida, zona oeste de SP

A cada vez que o céu escurece em São Paulo ameaçando chuva, os paulistanos sabem os transtornos que vêm pela frente: enchentes, trânsito lento, falta de energia etc. Tudo agravado pela ameaça de uma árvore cair e travar seu caminho. Somente na tempestade da última terça-feira (18), pelo menos 20 episódios como esse foram registrados na capital. Para especialistas ouvidos pelo R7, o cenário poderia ser um pouco mais animador se não fosse o descaso da prefeitura.

A falta de um mapeamento das árvores que necessitam de poda ou remoção entre as cerca de 2 milhões que existem na capital é apontada como um catalisador do problema. Entre os bairros mais ameaçados estão Pacaembu, Jardins e Pinheiros, áreas bastante arborizadas.

A falta de manutenção adequada é um gargalo antigo de São Paulo. A ex-procuradora da Justiça Luiza Nagib Eluf conta que quando assumiu a subprefeitura da Lapa, em 2007, existiam 4.000 pedidos de poda ou remoção que não haviam sido atendidos. Ela afirmou que a prefeitura não investe em equipes para realizar o serviço e não contrata o número suficiente de agrônomos para que eles possam fazer as avaliações necessárias.

— O que acontece é que existe uma negligência do poder público com relação às árvores e existe uma proibição de que os particulares tomem iniciativa por conta própria.

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A falta de interesse da administração municipal em investir no meio ambiente é uma das críticas do ambientalista e mestre em botânica pela USP (Universidade de São Paulo), Ricardo Henrique Cardim. Ele afirma que não há investimento em pessoal capacitado, em equipamentos adequados, além de não existir “força política para conseguir regulamentar o tratamento de árvores em São Paulo”. Isso é deixado de lado, segundo Cardim, e “só aparece nas épocas de chuvas, porque é quando as árvores caem”.

— Eu percebo que a Secretaria do Verde piorou muito na gestão [Fernando] Haddad, principalmente no menor plantio de árvores, excesso de corte e demissão em massa de técnicos capacitados da secretaria.

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Jardins

A associação Ame Jardins, na zona oeste de São Paulo, solicitou um estudo ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para avaliar a situação das árvores da região dos Jardins — entre a rua Estados Unidos e as avenidas Brigadeiro Faria Lima — Rebouças e Nove de Julho. A pesquisa avaliou 2.200 árvores entre julho de 2011 e setembro de 2012 e constatou que 333 árvores precisavam ser removidas por causa do risco iminente de queda.

Os resultados foram entregues à prefeitura, mas, até agora, apenas 22% das árvores foram removidas. Ou seja, 259 árvores ainda ameaçam a vida de quem passa pelo local. O diretor-executivo da associação, João Maradei, afirma que a administração municipal não tem um critério objetivo para analisar o que é prioritário quando uma solicitação chega a uma subprefeitura.

— A manutenção é quase inexistente. Eles trabalham só por demanda. O que a gente queria é que tivesse um planejamento, que você pudesse remover o que está morto e depois começar uma manutenção rotineira.

Prefeitura

A Secretaria de Coordenação das Subprefeituras informou que todo o serviço de poda e remoção de árvores é terceirizado, mas que não há falta de pessoal. A administração municipal admitiu que, durante o verão, época de chuvas, as solicitações quadruplicam, mas negou falta de organização ou planejamento. 

Segundo dados da secretaria, em 2013, foram realizadas 117 mil podas e 16 mil remoções. Em 2014, nos meses de janeiro e fevereiro, a prefeitura realizou 16 mil podas e 3.000 remoções. O engenheiro agrônomo da coordenação das subprefeituras Tácito dos Santos garantiu que a manutenção preventiva é realizada.

—As demandas são atendidas na medida do possível, por ordem cronológica.

Tácito dos Santos afirmou ainda que os Jardins foram atendidos prontamente e nega atraso na remoção de 259 árvores que correriam risco de cair. Ele afirma que as retiradas emergências já foram feitas.

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