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Diante do júri, mãe de Bianca Consoli diz que Sandro Dota assediava a jovem

Julgamento de acusado de matar estudante começou nesta segunda-feira

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Marta Consoli chega para o julgamento, na manhã desta segunda
Marta Consoli chega para o julgamento, na manhã desta segunda

A mãe de Bianca Consoli, Marta Consoli, fez um relato emocionado sobre o momento em que encontrou o corpo da filha, assassinada em setembro de 2011, dentro de casa, na zona leste de São Paulo. Ela foi a primeira testemunha a ser ouvida no novo júri do motoboy Sandro Dota, que teve início nesta segunda-feira (16). Dota responde por homicídio triplamente qualificado e estupro. Em agosto, ele confessou o assassinato, mas negou o crime sexual.

Em depoimento que durou pouco mais de uma hora, menos tempo do que no primeiro julgamento, ela contou sob lágrimas:

— Quando chego na sala, eu vejo a Bianca deitada no chão. Eu me joguei em cima dela. Gritava pelo nome dela.

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Marta prosseguiu, dizendo que saiu para pedir socorro.


— A primeira pessoa que vi, eu me ajoelhei, pedindo para fazer massagem cardíaca. Aí, o vizinho entrou e fez a massagem, mas ela já estava sem vida. Ele disse depois que, quando fez a massagem no peito dela, saiu uma sacola da boca.

Marta reiterou o que havia dito no primeiro depoimento, que deu durante o primeiro julgamento, iniciado em julho e depois cancelado. Segundo ela, Bianca comentava que tinha “nojo” de Sandro. Uma amiga da universitária teria revelado, após o crime, que o motoboy assediava a vítima.


— Ele a chamava de gostosa, falava palavras feias para ela. 

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Destacou também que a amiga desistiu de depor no primeiro júri porque teria sido ameaçada pelo réu.

— Ela disse: “Fui ameaçada depois da última audiência”. Mas como? Ela me disse: “Uma pessoa me colocou dentro de um carro, me colocou em um telefone celular, diretamente com Sandro. Ele disse: ‘Se você depor no julgamento, farei com você pior do que fiz com a Bianca’”.

Crianças

Marta contou ainda que o neto dela, filho de Daiana Consoli — mulher do acusado na época do crime e irmã da vítima — e enteado do Sandro, sempre beijava o motoboy no rosto. Ela conversou com a criança, hoje com 12 anos, e explicou que não havia necessidade daquele gesto. Tentou, ainda, conversar sobre o assunto outras vezes, mas o menino nunca respondia. Certa vez, a criança revelou que o padrasto o obrigava a agir daquela forma, alegando que filho tinha que beijar o pai no rosto. Após o crime, já fazendo tratamento psicológico, o garoto contou também que Sandro “passava a mão no bumbum dele” durante o banho.

Já a filha de Daiana relatou, segundo Marta, que era observada pelo acusado quando tomava banho. Segundo a mãe de Bianca, a garota era ameaçada para não revelar o que acontecia. A menina confessou, conforme a avó, o que Dota teria dito:

—Ela [a neta] falou: “Ele disse que se eu contasse para minha mãe [Daiana], ela não iria acreditar em mim e ainda iria me bater”.

Segundo Marta Consoli, após o assassinato da filha, a ex-mulher de Sandro Dota contou que ele havia tentado matá-la. Ainda de acordo com a testemunha, ela também ficou sabendo que o réu assediava a cunhada.

"Dócil"

Ainda no depoimento, Marta rebateu a versão de Sandro Dota de que o desentendimento com Bianca teria começado porque ela havia batido no enteado dele. Segundo a mãe da vítima, a jovem pretendia ser mãe no futuro e nunca agrediu os sobrinhos.

— [Era] uma menina dócil, carinhosa, que adorava crianças em geral. Ela me amava muito. Ela dizia que queria cuidar de mim quando eu estivesse velhinha.

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