Dos 242 detidos em protesto, apenas quatro estão presos e vão responder por formação de quadrilha
São Paulo|André Carvalho, da Agência Record
A polícia deteve 242 pessoas nesta quinta-feira (13) durante o quarto dia de protesto contra o aumento das passagens do transporte público. Quatro pessoas ainda estão presas, sem direito a pagamento de fiança, por formação de quadrilha, incitação ao crime e dano qualificado ao patrimônio. Elas foram levadas à carceragem do 2º Distrito Policial (Bom Retiro) e estão à disposição da Justiça.
De todos os detidos, 202 foram levados ao 78º Distrito Policial (Jardins), outros 37 para o 1º DP (Liberdade) e mais três foram ouvidos no 4º DP (Consolação). Segundo a Polícia Civil, do total, 238 foram ouvidos e liberados durante a madrugada. Desses, quatro assinaram um termo circunstanciado antes de serem soltos — três por tráfico de drogas e um por resistência à prisão.
Marcado por maior repressão e violência, o quarto protesto contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em São Paulo também acabou com diversos registros de jornalistas e manifestantes feridos nesta quinta-feira (13). Ao menos 16 profissionais da imprensa ficaram feridos. O fotógrafo da Futura Press Sérgio Silva foi atingido com um tiro de borracha em um dos olhos. Ele passou por cirurgia no Hospital Nove de Julho e tem 90% de risco de perder a visão.
A repórter da TV Folha Giuliana Vallone também foi alvejada no olho por uma bala de borracha quando cobria o quarto protesto na rua Augusta. Ela foi internada no Hospital Sírio Libanês. Ainda não há informações sobre o estado de saúde dela.
Os confrontos começaram ainda na concentração, na região do Teatro Municipal, por volta das 17h. Antes da caminhada, policiais isolaram os manifestantes e revistaram as mochilas — ocasião em que começaram as detenções. Jovens foram levados ao 78º DP (Jardins) por estarem carregando itens considerados "suspeitos", como vinagre.
Além disso, a PM impediu que os manifestantes começassem o protesto até que eles definissem e comunicassem qual seria o trajeto realizado. Teria sido, então, combinado — com três representantes do movimento — que os jovens sairiam do Teatro Municipal, passariam pela rua Barão de Itapetininga, avenida Ipiranga e chegariam até a praça Roosevelt.
Violência
Os confrontos mais violentos começaram por volta das 19h, na região da rua da Consolação, quando supostamente os manifestantes tentaram subir a via em direção à avenida Paulista. O major Lídio da Polícia Militar declarou que o descumprimento do acordo feito com o Movimento Passe Livre gerou o confronto.
— O movimento não cumpre palavra. Então, o que foi acertado é que eles viriam até a praça Roosevelt para fazer a manifestação aqui. Como eles não cumpriram o acordo, nós estamos recuando nossa linha [de bloqueio] para que depois a própria imprensa registre que eles não estão cumprindo o acordo.
Policiais militares jogaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo nos manifestantes, que revidaram tacando objetos. Além disso, os jovens colocaram fogo em lixo e picharam e depredaram ônibus.
Após os confrontos, os manifestantes começaram a se dispersar e alguns grupos conseguiram fechar ruas da região e, depois, chegaram à avenida Paulista.