Em SP, operação prende advogados suspeitos de colaboração com o PCC
Ação cumpre 41 mandados de prisão, busca e apreensão contra investigados
São Paulo|Do R7, com Estadão Conteúdo
Uma operação do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil, iniciada na manhã desta terça-feira (22), cumpriu 41 mandados de prisão, busca e apreensão contra advogados e outros investigados suspeitos de ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em várias cidades paulistas. Até o início da tarde, 33 pessoas haviam sido presas.
As investigações foram iniciadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão do Crime Organizado) em Presidente Prudente, onde foram presos cinco advogados. Ou advogado foi preso na cidade vizinha, Presidente Venceslau.
Na região de Campinas, ao menos três advogados foram detidos.
De acordo com as primeiras informações, eles são suspeitos de colaborar com a facção na elaboração de uma lista com os nomes de agentes penitenciários que seriam colocados como alvos do PCC. Também usariam contas bancárias pessoais para lavar dinheiro obtido com o tráfico de drogas.
Em Cotia, na Grande São Paulo, foi preso o vice-presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Luiz Carlos dos Santos. Promotores e policiais fizeram buscas na sede do conselho, na capital.
O pedido de prisão contra Santos estaria baseado em um carta apreendida em 2015 na região de Presidente Prundente. No texto, um preso apontado como integrante do PCC pedia que membros da facção se aproximassem do advogado e oferecessem uma mesada para que o grupo criminoso tivesse influência sobre o conselho. Não há informação sobre se o advogado é suspeito de envolvimento com a elaboração da suposta lista de agentes públicos.
Houve prisões na região de Presidente Prudente, onde estão os presídios de segurança máxima que abrigam integrantes da cúpula do PCC.
Condepe
Em nota, o Conselho afirmou que Luiz Carlos dos Santos "possui reconhecida trajetória de contundente defesa dos direitos humanos" e que está surpreso com a prisão. Do texto, destaca-se as seguintes colocações:
"Ao contrário do que se tem afirmado, nenhuma denúncia de violação de direito humanos apresentada pelo Conselheiro Luiz Carlos se mostrou inconsistente, sendo todas devidamente embasadas em processos administrativos e posterior apuração;
Nesse sentido, causou-nos surpresa a prisão do Conselheiro Luiz Carlos. Como defensores de direitos humanos, reiteramos o princípio fundamental da presunção da inocência;
O CONDEPE se coloca à disposição do Poder Judiciário para contribuir com a rigorosa apuração da verdade dos fatos, sem prejulgamentos;
Informamos que computador e documentos do CONDEPE, que guardam informações sigilosas acerca de pessoas que denunciam violação de direitos humanos, foram apreendidos. Exigimos a garantia da integridade institucional do Conselho, a preservação dos dados e manutenção do sigilo das informações;
Em um momento de ascensão de discursos e práticas que violam os direitos humanos, reafirmamos o papel do CONDEPE na defesa do Estado Democrático de Direito, das liberdades constitucionais, do direito à livre expressão e manifestação, refutando quaisquer intenções de criminalização dos movimentos sociais e dos defensores dos Direitos Humanos".
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