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Especialistas: operação em Paraisópolis é só midiática e não resolve o problema

Na segunda, 500 homens da PM invadiram a comunidade

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Mais de 500 policiais foram enviados à comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, em megaoperação de combate ao crime
Mais de 500 policiais foram enviados à comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, em megaoperação de combate ao crime NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO

Após cinco dias consecutivos de violência em grande parte da região metropolitana de São Paulo, quando foram registradas mais de 40 mortes, a Polícia Militar desencadeou nesta segunda-feira (29) uma grande operação na favela de Paraisópolis, zona sul da capital paulista, envolvendo mais de 500 homens.

Também na segunda, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que serão realizadas operações permanentes nos locais com maior registro de crimes. Embora a ação do governo seja uma clara resposta ao aumento da violência no Estado, para especialistas ouvidos pelo R7 esse tipo de ação não é efetivo. Pesquisador da Escola de Direito da FGV (Fundação Getulio Vargas) e especialista em segurança pública, Guaracy Mingardi questiona a ação em Paraisópolis.

— Operação não é resposta para o tiroteio que está havendo em São Paulo. Pode até ajudar, mas não é resposta. Acho que é uma estratégia muito midiática, para falar: “Estamos fazendo alguma coisa”.

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Apesar das negativas do governador, na avaliação do especialista, há sim uma guerra "subterrânea" e os esforços devem ser concentrados em identificar os responsáveis pelas mortes, tanto de policiais quanto de civis.

— [Operação] Não vai resolver o problema desse tiroteio que está acontecendo em São Paulo, essa guerra subterrânea. É preciso identificar quem matou policial e prender. Tem que identificar quem fez as chacinas e prender. Isso é um trabalho de investigação e, às vezes, de inteligência. Não é um trabalho que necessite de operação.


O jurista e professor Luiz Flávio Gomes faz análise semelhante.

— Estamos vivendo um clima de guerra. São soluções bélicas. O governo de São Paulo fez uma opção por uma solução militarizada para o problema. Isso só tende a produzir mais cadáveres.


Ainda na análise de Gomes, esse tipo de resposta atende a setores mais conservadores.

—Toda política de segurança do Estado está centrada no combate armado, e combate armado é violência, que só traz violência.

Raiz do problema

Para Guaracy Mingardi, ações em grande escala em favelas só terão alguma efetividade se for identificado que nestes locais se encontram as “sedes do problema”.

— Se for, durante a operação, você acha boca de fumo, afasta os clientes, ou seja, dá prejuízo [para os criminosos]. Então, eles podem pensar duas vezes antes de repetir aquilo. Esta é a tentativa. Só que se o outro lado de lá não quiser saber de recado, não adianta. Tem que fazer algo com mais efetividade. Pode ser que refresque um pouco a situação agora? Pode ser. Mas não vai diminuir a força deles. Eles podem acalmar, mas depois, de seis meses, um ano, continuar.

Ainda sim, ele considera que são iniciativas paliativas.

— Não resolvem, porque num longo prazo ou mesmo em médio prazo, eles readquirem dinheiro e a força. Não ataca a raiz do problema.

Estratégia de praxe

Já o ex-secretário nacional de Segurança Pública e atual professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar de São Paulo, José Vicente Filho, discorda de Mingardi e Gomes e diz que a ação em Paraisópolis é importante porque deve ter "identificado a presença de criminosos" ali que precisam ser presos.

— É uma estratégia de praxe. Onde tem maior intensidade do problema, aplica-se maior esforço policial. É correto.

Para Vicente Filho, o que está ocorrendo em São Paulo nas últimas semanas é uma situação peculiar.

— A impressão que se dá é de que aqui está tudo pior e no resto do País vai tudo bem. O resto do País vai mal, na verdade. Esta situação dos últimos dias é completamente atípica. O Estado vem demonstrando ser capaz de alcançar bons resultados por dez anos seguidos.

A reportagem do R7 entrou em contato com o governo do Estado, que informou que não iria se pronunciar sobre o caso.

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