Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Exclusivo: travesti Verônica entrou em confronto com policiais em duas delegacias

Carcereiro tentou protegê-la de presos e os dois acabaram em "briga de rua", diz delegado

São Paulo|Sylvia Albuquerque, do R7

Policiais do 2°Distrito Policial do Bom Retiro, no centro de SP, feridos após confronto com a travesti Verônica Bolina
Policiais do 2°Distrito Policial do Bom Retiro, no centro de SP, feridos após confronto com a travesti Verônica Bolina Policiais do 2°Distrito Policial do Bom Retiro, no centro de SP, feridos após confronto com a travesti Verônica Bolina

A travesti Verônica Bolina apanhou de policiais civis e militares em duas delegacias, segundo o inquérito do caso ao qual o R7 teve acesso com exclusividade. A primeira ocorrência foi registrada no 78°Distrito Policial, dos Jardins, e a segunda no 2° DP, do Bom Retiro, em São Paulo.

Segundo o primeiro boletim de ocorrência, “os policiais encontraram o indiciado [Verônica] no corredor de entrada dos apartamentos, nu e bastante exaltado. Diante do cenário, o indiciado foi capturado e, quando era apresentado nesta unidade, novamente se exaltou, proferindo xingamentos contra os policiais militares e contra eles investindo violentamente, sendo necessário o emprego de força física para ser contido e imobilizado”. O documento foi assinado pelo delegado Rafael Francisco Marcondes de Moraes.

Verônica foi transferida para o 2° DP pelo GOE (Grupo de Operações Especiais), onde aguardaria o fim de semana até ser levada para um presídio. Segundo o inquérito, Verônica se masturbava na frente dos demais presos na carceragem e usou a frase "vou carimbar", que na gíria significa passar Aids. Ela foi levada para outra cela, conhecida como seguro, e voltou a expor o pênis, o que teria irritado os presos que quiseram agredi-la. De acordo a polícia, o carcereiro entrou no local para retirar Verônica e fazer a reorganização dos detidos.

"Eu abri a porta e ela disse que ia me matar", diz idosa agredida por travesti em São Paulo

Publicidade

Nesse momento, Verônica mordeu e arrancou a orelha do policial. O inquérito diz que a travesti foi agredida por presos e pelo policial. Outro carcereiro atirou três vezes para o alto para dispersar a briga e entrou na cela para retirar o colega e também acabou ferido.

O delegado Luiz Roberto Hellmeister afirmou que o carcereiro precisa entrar na cela sem arma ou qualquer objeto e que ele entrou para proteger Verônica de ser agredida pelos presos.

Publicidade

— Em 38 anos que eu tenho de polícia, nunca vi uma coisa como essa. O carcereiro salvou duas vezes a Verônica de ser agredida e acabou sendo ele alvo. Ele estava na cela sozinho quando ela arrancou a orelha dele. Aí foi soco e chute para todo lado, uma briga de rua mesmo. O que queriam que ele fizesse? Que ficasse agachado esperando que ela arrancasse a outra? Eu não vou dizer que ele está errado. Apenas se defendeu. Tanto que eu mesmo liguei para a corregedoria logo em seguida. Ninguém torturou a Verônica aqui.

Hellmeister afirma ainda que não há uma cela exclusiva para transexuais nas delegacias, por isso não parte dele a decisão de separar Verônica dos demais presos.

Publicidade

— A minha delegacia é de trânsito. Os presos passam um, dois dias aqui até irem para o presídio. Ela precisou ficar na cela com os outros homens.

Foto chamou atenção de entidades ligadas aos direitos humanos
Foto chamou atenção de entidades ligadas aos direitos humanos Foto chamou atenção de entidades ligadas aos direitos humanos

O inquérito diz ainda que Verônica se recusou a devolver a orelha do carcereiro e que ficou mais de uma hora com ela na boca. Ela só tirou no hospital. O carcereiro passou por uma cirurgia, mas a parte arrancada ficou contaminada e não foi possível colocá-la de novo.

Verônica foi presa depois de agredir três vizinhas no flat onde morava, na Bela Vista. Em seu depoimento, afirmou que tinha como alvo Laura, de 73 anos, e que acreditava que a idosa havia feito um ritual de magia negra contra ela por conta de um cheiro ruim que saía do apartamento.

A travesti foi indiciada por tentativa de homicídio contra Laura, dano qualificado, desacato, resistência e lesão corporal, além de tentativa de homicídio pela agressão contra o carcereiro. Verônica está no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na ala destinada aos travestis. 

Diversas entidades que defendem os direitos humanos e LGBT procuraram a delegacia para saber a situação de Verônica. A travesti chegou a gravar um áudio em que negou ter sido torturada. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) confirmou que a agressão contra Verônica é investigada pela corregedoria. 

Leia mais notícias no R7 São Paulo

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.