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Golpe da fruta: Mercadão endurece regras com ameaça de despejo

Gestão impôs ações após denúncias de consumidores que eram coagidos e ameaçados a pagar preços abusivos nas frutas

São Paulo|Isabelle Amaral, do R7

Frutas exóticas e diversas atraem consumidores ao Mercadão de São Paulo, no centro
Frutas exóticas e diversas atraem consumidores ao Mercadão de São Paulo, no centro Frutas exóticas e diversas atraem consumidores ao Mercadão de São Paulo, no centro

Era fevereiro de 2022 quando as primeiras denúncias do golpe da fruta no Mercado Municipal de São Paulo, mais conhecido como Mercadão de SP, começaram a surgir. Com a repercussão do caso, a gestão do estabelecimento precisou agir e endureceu as regras: agora, qualquer indício de que a banca esteja aplicando o golpe, ou até mesmo o uso de facas convencionais, pode levar o comerciante a ser despejado.

Em entrevista ao R7, Aldo Bonametti, presidente do conselho de administração da Mercado SP SPE S.A, concessionária que administra o estabelecimento, explicou que, desde as primeiras denúncias, a gestão tem atuado com o Procon e outros órgãos para aplicar advertências nas bancas de frutas, caso necessário, além de palestras com os comerciantes para ressaltar a importância de um trabalho honesto.

As novas regras que foram impostas são para preservar a segurança do consumidor, bem como a dos comerciantes. “A gente proibiu o uso de facas normais tanto porque pode fazer com que o cliente se sinta intimidado quanto porque o uso de facas descartáveis é até mais higiênico”, afirmou Bonametti.

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Na maioria das denúncias do golpe da fruta na época, as pessoas afirmavam que eram bem atendidas por funcionários, que ofereciam pedaços de frutas bonitas e diversificadas gratuitamente. Enquanto isso, segundo os relatos, os vendedores montavam as bandejas e coagiam os clientes a comprar os produtos por valores entre R$ 300 e R$ 500. Caso a pessoa se negasse, ela era tratada mal, ofendida e, em alguns casos, ameaçada.

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Como se não bastasse isso, outros clientes afirmara que alguns vendedores aplicavam o "golpe da maquininha": diziam um valor ao cliente e digitavam outro na máquina de cartões sem que a pessoa percebesse. Foi o que ocorreu com Dan Santana. Um vendedor ofereceu uma bandeja de frutas por R$ 11,90 após ele ter experimentado algumas amostras. Só quando Santana voltava para casa viu no aplicativo do banco que o comerciante havia cobrado R$ 200 pela fruta.

Bancas fechadas

Assim que começou a viralizar esse tipo de denúncia, o Procon montou uma força-tarefa para fiscalizar as barracas, e, ainda em fevereiro do ano passado, três barracas foram interditadas, onze autuadas e seis receberam multas.

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Segundo o órgão, a tática de algumas bancas do Mercadão era abusiva e infringia o Código do Consumidor. O diretor do Procon-SP, Fernando Capez, explicou naquela ocasião que as amostras oferecidas pelos vendedores não poderiam ser cobradas e o preço dos produtos precisava estar explícito aos clientes, coisa essa que, segundo ele, algumas barracas não faziam.

“Nós passamos a orientar os comerciantes porque as denúncias dos golpes estavam afetando a todos, até os que não cometiam essas práticas”, contou Bonametti, que também é diretor-presidente da Mercado SP SPE S.A. “A gente não pode ter essa fama negativa por isso.”

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Comerciantes no prejuízo

A reportagem do R7 foi até o Mercadão para ouvir os comerciantes assim que as denúncias ficaram em alta, e o clima era de medo de que novos relatos e reclamações viessem à tona. A maior parte dos comerciantes afirmou que foi prejudicada e que a movimentação no local diminuiu.

“A gente achou que ia se recuperar do que a pandemia nos causou, ficamos fechados por um tempo, depois as pessoas ficaram com medo de vir para cá por causa da Covid e agora, que estava tudo indo para a frente, veio isso”, disse, em março de 2022, um vendedor que preferiu não ser identificado.

“Olha, eu sei que existe esse golpe da fruta, mas, nos últimos noticiários, todos só querem saber do consumidor e não olham para o comerciante honesto que quer continuar trabalhando, vendendo suas coisas e que está fazendo isso de maneira digna. Eu vi o Procon vindo aqui, interditou alguns lugares, e confesso que tive um pouco de medo de perder meu trabalho, ainda que estivesse com a consciência limpa”, desabafou um outro comerciante na época.

Agora, segundo o presidente do Mercadão, a movimentação no local voltou a crescer e a administração tem ficado atenta nas bancas para garantir que não haja mais nenhum tipo de golpe.

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