Haddad reabre tenda e retira sem-teto da Praça da Sé
Centro de convivência foi instalado pela gestão Gilberto Kassab e havia sido fechado em abril
São Paulo|Do R7
A Prefeitura de São Paulo reabriu nesta quarta-feira (9) a tenda para moradores de rua do Parque D. Pedro II. Instalado pela gestão Gilberto Kassab (PSD), o centro de convivência foi fechado em abril pela administração Fernando Haddad (PT) e voltou a funcionar durante ação para remover barracas da Praça da Sé.
Equipes de limpeza, 46 guardas-civis e 15 assistentes sociais participaram da ação, iniciada já há 10 dias para convencer famílias, dependentes químicos e andarilhos a deixar o marco zero da capital. A operação de ontem teve início às 8h.
Ativistas e os moradores de rua, no entanto, classificaram a operação de confusa e desorganizada. O padre Júlio Lancellotti, vigário para o povo da rua, criticou a ação.
— O pessoal vai chegar lá [na tenda] e não é o que eles esperam. Não tem banheiro funcionando. Alguns deles vão voltar. Só vai mudar o problema de lugar.
Conforme os moradores de rua cediam ao pedido dos funcionários da prefeitura, equipes de limpeza desmanchavam as tendas de camping e jogavam em um caminhão entulhos e até objetos pessoais, segundo os sem-teto. Luciana Sá, de 38 anos, que admitiu usar crack desde os 23, reclamou da "limpeza".
— Não tenho documento mais. Deixei na mochila. Todo dia a gente perde coisa quando fazem a limpeza.
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Luciana se queixou da falta de informação.
— A gente havia parado aqui [na Praça da Sé] porque a tenda havia fechado. Simplesmente veio um guarda e disse: 'Desmonta aí, a gente vai ver onde vocês vão ficar'.
De acordo com a Secretaria de Assistência Social, os moradores de rua receberam a proposta de encaminhamento a abrigos ou aluguel social, como explica a secretária Luciana Temer.
— Estamos oferecendo acolhimento para as pessoas. Trata-se de uma política que é bastante complexa. Não há só gente que mora na rua, também tem gente que tem comprometimento grave, como os usuários de crack.
A Secretaria da Habitação fez um pré-cadastro de 22 famílias. Após o cadastramento, serão pagos R$ 300 de aluguel social por mês.
Resistência
Os moradores de rua, como Vagner Ferreira, de 26 anos, reclamaram das alternativas apresentadas pela prefeitura.
— O abrigo não tem respeito. Já saí de lá para não sentir bafo de pinga. Chegaram lá [na Praça da Sé] e disseram que a gente teria assistência aqui [na tenda]. Mas o local vai fechar à noite.
Quando estava em funcionamento, a tenda atraía usuários de droga para atividades como ver televisão ou tomar banho. Ontem, apenas um banheiro tinha água, segundo informações de funcionários. Guardas-civis que estavam ontem na tenda contaram que o local foi fechado após brigas entre viciados.