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Indústria reduz consumo de água com crise do Cantareira

Muitas estudam alternativas, como caminhões-pipa; multinacional parou produção por 2 semanas

São Paulo|Do R7

Nível do Sistema Cantareira está cada vez mais baixo
Nível do Sistema Cantareira está cada vez mais baixo

A escassez de água e a possibilidade de racionamento, ainda que negada pelo governo de São Paulo, mobiliza os setores da indústria e da agricultura das regiões abastecidas direta ou indiretamente pelo Sistema Cantareira. A maioria das empresas ampliou medidas para economizar água e espera que a situação melhore em breve. Mas muitas estudam alternativas, como recorrer a caminhões-pipa. O problema já fez uma multinacional parar a produção por duas semanas.

A fabricante de motores Cummins, instalada em Guarulhos, na Grande São Paulo, fez acordo com uma empresa para, em caso de emergência, recorrer a caminhões-pipa que buscarão água em outras regiões, como conta Eric Leister, supervisor de engenharia da fábrica.

— O impacto que vemos é o financeiro, pois as alternativas sempre geram custos adicionais não planejados.

A Cummins calcula em R$ 12,55 o valor de cada m³ dessa água alternativa, o que geraria um custo de R$ 63 mil mensais. Ela usa em média 5 mil m³ de água por mês, a maior parte para refrigerar equipamentos e máquinas.


— Sem isso não temos como operar.

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Nas últimas semanas, a Cummins observou dias de desabastecimento e redução na pressão da água entregue. O grupo tem um reservatório abastecido pelo SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e, para evitar desperdícios, instalou torneiras com regulagens de pressão e controla as lavagens na fábrica.

O presidente da General Motors América do Sul, Jaime Ardila, diz que a empresa tem adotado medidas adicionais para economizar água, além das normais, que incluem tratamento e reaproveitamento.


— Não é possível ter um plano B, como fizemos quando houve racionamento de energia.

No caso da energia, lembra ele, é possível usar geradores, mas "com a água é diferente, não tem como gerar mais".

A opção dos caminhões-pipa, diz Ardila, é inviável por causa do custo. A fábrica em São Caetano do Sul, no ABC paulista, usa em média 80 mil a 100 mil m³ de água por ano.

— Por enquanto temos recebido confirmação das autoridades que não há previsão de racionamento.

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A Rhodia, multinacional do setor químico, parou a produção por duas semanas na fábrica de Paulínia em fevereiro, quando a vazão do rio Atibaia, que recebe as águas excedentes do Sistema Cantareira, chegou a menos de 4 m³ por segundo, como explica Carlos Silveira, diretor da unidade.

— Paramos a produção da unidade de intermediários e poliamida, produtos integrantes da cadeia do nylon, porque não era possível captar o volume de água necessário para resfriar as torres de destilação.

Segundo Silveira, a Rhodia faz uso racional dos recursos naturais, mas "o que ocorreu foi um fenômeno além do alcance das medidas preventivas". 

— Não tínhamos registros de escassez desse porte nos 72 anos de existência do complexo industrial.

A Rhodia reclama ações mais amplas do Estado para aumentar a vazão.

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