São Paulo tenta convencer nesta sexta-feira (20) 130 dos 161 delegados do BIE (Bureau Internacional de Exposições) de que é a melhor cidade para receber a Expo 2020, a exposição universal que é considerada o terceiro maior evento do mundo, atrás apenas da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Um simpósio que acontece na capital paulista pode definir as chances do município receber o evento, que apresenta casos de sucesso, enquanto outros acabaram dando prejuízo.
A capital paulista concorre contra Ekaterinburgo (Rússia), Izmir (Turquia) e Dubai (Emirados Árabes). Segundo a vice-prefeita e presidente do Comitê de Candidatura de São Paulo à Expo 2020, Nádia Campeão, o projeto paulista integra o plano de desenvolvimento da região de Pirituba, na zona norte da cidade, com investimentos da ordem de R$ 2,8 bilhões no parque de exposições e a perspectiva de 30 milhões de visitantes do início ao fim do evento.
A inspiração para o município paulista, segundo a vice-prefeita, vem da Expo 2000, realizada em Hannover, na Alemanha. Todavia, o evento alemão, mesmo apoiado por mais de 51% da população local, acabou rendendo um prejuízo de R$ 1,321 bilhão (US$ 600 milhões, em valores atuais). A causa de tamanho prejuízo seria o fato que apenas dois terços do público esperado compareceu.
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Além disso, a Expo 2000 enfrentou dificuldades com a falta de patrocinadores e maior apoio da iniciativa privada. Na época, a imprensa local criticou o fato da população “não ter entendido” o que era a Exposição Universal. Apesar disso, boa parte das construções feitas para o evento em Hannover continua recebendo atividades até hoje, com as maiores exposições da Alemanha passando por lá. A cidade se tornou também um importante centro nas áreas de design e tecnologia.
Exposição Universal: o que é e as opiniões a favor e contra
Realizada a cada cinco anos, a Exposição Universal discute temas globais como tecnologia, sustentabilidade, inovação, urbanismo e economia, além de reunir cerca de 140 países durante seis meses de duração. O evento enfrenta resistência de alguns movimentos sociais, como o MPL (Movimento Passe Livre), que já foi às ruas na última quinta-feira (19) para protestar contra o evento na capital, mas o prefeito Fernando Haddad é um dos entusiastas da ideia.
— O Brasil nunca pleiteou sediar uma exposição universal, estamos nos saindo bem. São Paulo tem potencial para pleitear a candidatura, pela sua importância, pujança e vigor, e pela força do seu setor privado que estará conosco em caso de vitória, realizar o polo de Pirituba.
O governo municipal faz questão de ressaltar que possui o apoio do governador Geraldo Alckmin e da presidente Dilma Rousseff, e que o polo em Pirituba sairá do papel “com ou sem a Expo 2020”. Todavia, a vinda do evento é considerada fundamental para a iniciativa privada participar, como ficou claro durante um encontro de Haddad com o empresariado na sede da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).
Além disso, a construção da linha 6-Laranja do metrô, que está em fase licitatória e já teria pelo menos quatro consórcios interessados, segundo o governo estadual, é importante para a mobilidade do evento, caso São Paulo seja escolhida. Todavia, a prefeitura tenta não tratar a obra como prioridade para a Expo 2020 vir para a cidade, embora reconheça que o metrô pode ajudar, assim como obras de adequação e acesso na região onde o parque será erguido, com o Rodoanel Norte.
— A nossa candidatura passou pelas etapas mais importantes até agora. Resta a derradeira que é decisiva, que é a decisão dos delegados do Buro Internacional, mas sem dúvida se não fosse o apoio dos empresários, até por falta de legislação nacional que ampare gastos públicos em defesa de um projeto como esse, não teríamos como prosperar em uma candidatura como essa.
Das quatro cidades candidatas, ainda serão visitadas Izmir e Dubai, em outubro. A decisão por parte do Buro Internacional acontece no dia 27 de novembro, durante a assembleia da entidade em Paris, na França.