Jovem é morto durante ação da PM em baile funk
Quando foi baleado, rapaz de 23 anos estava em rua próxima de onde ocorria o 'pancadão'
São Paulo|Do R7*
O jovem Luiz Carlos Cerqueira Inácio Filho, 23 anos, foi morto com um tiro no abdômen após a chegada da Polícia Militar em um baile funk no Jardim Gaivotas, região do Grajaú, zona sul de São Paulo, na manhã do domingo de Páscoa (16).
Um dos irmãos de Luiz, de 22 anos, que não quis se identificar, afirmou que o jovem não estava na multidão que participava do baile funk no momento quando foi baleado. “Ele estava parado na rua de cima”, disse.
Ainda segundo o irmão, o PM suspeito de atirar contra Luiz era um integrante da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas). Já as investigações da Polícia Civil do 101º DP (Jardim das Imbuias) apontam que os disparos realizados no baile funk foram efetuados pelos soldados Falcão (quatro) e Fernandes (dois), que estavam nas viaturas M27012 e M27016, acompanhados dos também soldados da PM Ferreira Lima e Seraphim.
As informações da Polícia Civil registradas no Boletim de Ocorrência indicam que a ação começou depois que PMs das viaturas M27015 e M27480 “observaram uma aglomeração de pessoas em virtude de um baile funk”.
No B.O. ainda consta que, quando os policiais se aproximaram do grupo, “foram surpreendidos por dois indivíduos desconhecidos que saíram em meio à multidão efetuando diversos disparos de arma de fogo”.
Além de Luiz, um outro rapaz foi baleado no braço e levado para o Hospital Municipal Dona Maria Antonieta, onde foi atendido e liberado.
Já o jovem baleado na região do abdômen foi levado por amigos para o Hospital Geral do Grajaú, mas não resistiu ao ferimento. De acordo com o irmão de Luiz, no hospital “não fizeram nada por ele e ainda roubaram o celular, relógio e R$ 200”.
Segundo o irmão, Luiz morava na casa dos pais, no Jardim Monte Verde, também no Grajaú, e estava desempregado, mas “fazia uns bicos na pizzaria”. O rapaz deixou uma filha com menos de um ano de idade. O enterro do jovem aconteceu na terça-feira (18), no Cemitério Campo Grande.
Outro lado
Procurada pelo R7, a assessoria da SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) disse que o caso segue em investigação por meio de inquérito policial no 101ºDP.
"A autoridade policial aguarda o resultado dos laudos do IC e do IML para comparar o calibre que atingiu a vítima com a munição das armas dos PMs que foram apreendidas. Os policiais relataram que flagraram a aglomeração durante o patrulhamento preventivo. A ocorrência foi registrada como homicídio, tentativa de homicídio (contra autoridade) e lesão corporal. O inquérito é acompanhado pelo Batalhão da área, como é de praxe nesse tipo de ocorrência", afirma a nota da assessoria da pasta.
Já a assessoria da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirma que "é totalmente descabida a informação de 'furto' dos pertences da vítima no hospital". A pasta ainda disse que consultou imagens de câmeras de segurança que teriam mostrado "que o jovem chegou sem nenhum pertence, acompanhado de amigos, que fizeram abertura da ficha de atendimento e não entregaram nada material à equipe de enfermagem".
A assessoria da Secretaria de Saúde disse também que realizou contato com a Ouvidoria com a família do jovem que morreu no hospital. "A unidade está à disposição da família para qualquer informação adicional e já se dispôs quanto a possibilidade de acesso as imagens das câmeras de segurança, documentação de prontuário e também aos fluxos de pertences".
*Kaique Dalapola, estagiário do R7