Legista confirma que Marcos Matsunaga poderia estar vivo durante esquartejamento
Mais cedo, médico disse que conversou com testemunha e defesa pediu dissolução do júri
São Paulo|Ana Ignacio e Peu Araújo, do R7
Testemunha no julgamento de Elize Mastunaga, o médico-legista Carlos Alberto Coelho confirmou na tarde desta quinta-feira (1º) que a teoria da promotoria de que os cortes no corpo do marido da ré, Marcos Matsunaga, começaram pelo pescoço. Segundo ele, mesmo com o tiro que levou, a vítima poderia estar viva antes das secções. "Ele poderia (morrer com o tiro), mas é sugerido que houve sobrevida", afirma.
Responsável pela exumação do corpo de Marcos, Coelho foi interrogado pela defesa, de maneira amstosa, por mais de duas horas. O médico não descartou a presença de outra pessoa no esquartejamento. "Parece difícil uma pessoa conseguir fazer sozinha, mas entre parecer e acontecer tem uma longa distância" diz.
Durante a manhã, a defesa de Elize Matsunaga pediu a dissolução do Conselho de Sentença do júri, iniciado na segunda-feira (28), após Coelho revelar, durante depoimento, que teve contato com outra testemunha, Jorge Pereira de Oliveira, na "terça ou quarta-feira". Isso fere a regra de incomunicabilidade entres testemunhas.
O juiz Adilson Simoni, a pedido da defesa, registou o ocorrido em ata, mas deu continuidade ao júri por entender que o contato entre os dois não causou nenhum prejuízo ao andamento dos trabalhos.
A dissolução do Conselho de Sentença faria com que um novo júri, com novos jurados, tivesse de ser formado e que as testemunhas que foram ouvidas até agora prestassem novo depoimento.
Segundo Coelho, ele questionou Oliveira porque o laudo de necropsia de Marcos Matsunaga foi feito em adendos. Oliveira respondeu que fez dessa forma para que não fossem criados diversos laudos separados. Ainda de acordo com Coelho, ele não teve acesso a fotos e documentos do processo e nada mais foi conversado sobre o caso.
Após o intervalo para o almoço, o promotor do caso, José Carlos Cosenzo, comentou o episódio e disse que não há motivo para dissolver o júri.
— Não cabe [anulação do júri]. A lei é clara. As testemunhas não podem conversar entre si sobre o fato e sobre aquilo que pode mudar ou influenciar o depoimento de um ou de outro.
Ainda de acordo com Cosenzo não houve violação do código de processo penal.
— Não conversaram sobre o processo. Ele fez uma pergunta administrativa. Não prejudica nada, não há o menor resquício de que isso possa influenciar. Se por ventura ele tivesse ouvido o depoimento do doutor Jorge, se por ventura ele tivesse se influenciado pela decisão do doutor Jorge [seria diferente]. Não há nada que possa prejudicar o julgamento, exceto a vontade da defesa de não realizá-lo.
Já para a defesa, no entanto, houve uma falha grave e o ocorrido seria suficiente para que o júri fosse anulado.
Perito do IML de Cotia, Oliveira prestou depoimento na quarta-feira (30). Até o momento, 10 testemunhas de acusação foram ouvidas. O julgamento só deve terminar no final de semana. Após o depoimento das pessoas chamadas pela acusação, serão ouvidas as testemunhas de defesa. Em seguida, Elize será interrogada. Na última etapa do júri, haverá debate entre acusação e defesa.
Elize Matsunaga chora ao sentar no banco dos réus: