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Mãe que salvou filho de afogamento mesmo sem saber nadar diz que morreria pelo menino

Esta é a segunda causa externa de morte entre crianças até 14 anos; R7 falou com heroína 

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Márcia Jerônimo se desespera ao ver o filho, então com oito anos, se afogando
Márcia Jerônimo se desespera ao ver o filho, então com oito anos, se afogando

Há oito anos, a dona de casa Márcia Jerônimo ilustrou com precisão a frase do escritor Machado de Assis: "(...) o amor de mãe é a mais elevada forma de altruísmo". No dia 22 de janeiro de 2007, Gabriel, um dos filhos dela, na época com oito anos, caiu em um reservatório de aproximadamente 4 metros de profundidade em Franca, interior de São Paulo. Mesmo sem saber nadar, Márcia desafiou o improvável e conseguiu salvar o menino. O gesto heroico, eternizado pelas lentes de um repórter fotográfico, evitou que Gabriel, hoje um adolescente de 16 anos, fizesse parte de um ranking que vem se repetindo há mais de uma década.

Levantamento da Organização Não Governamental Criança Segura, com base em números do DATASUS/Ministério da Saúde, aponta que os afogamentos são a segunda principal causa externa de morte entre crianças de 0 a 14 anos no Brasil, perdendo apenas para acidentes de trânsito. Os dados mais recentes são de 2012 e mostram que, naquele ano, foram registrados 1.161 óbitos por afogamento nesta faixa etária — acidentes de trânsito vitimaram 1.862.

A história de Márcia Jerônimo, 44 anos, teve um desfecho feliz, mas nem por isso o terror daquele dia foi apagado. Em entrevista ao R7, ela contou que as imagens ainda estão frescas em sua memória. Questionada sobre o que pensou naquele momento crítico, respondeu com sinceridade.

— Na hora, não passou nada na minha cabeça. Só sei que queria tirar meu filho de lá. Pensei: “Seja o que Deus quiser. Se tiver que morrer, morrem os dois juntos". Graças a Deus, saiu tudo bem.


Queda é a principal causa de hospitalizações de crianças no Brasil

Ela revelou que Gabriel, que tem um irmão gêmeo e outro dois anos mais velho, precisou de acompanhamento psicológico por um tempo, mas atualmente está bem. Segundo o adolescente, que também conversou com a reportagem, o episódio estreitou os laços com a mãe. O mesmo ocorreu com a dona de casa, que precisou superar a sensação de risco iminente — receio que se estendeu para os outros filhos.


— No início, foi como uma paranoia. Qualquer coisinha, eu corria. Ia para a escola para ver como Gabriel estava. Não podia escutar barulho de resgate. Hoje, estou bem, mas quando ele sai para a igreja e demora um pouquinho, já fico preocupada, com o pé atrás, com medo de acontecer alguma coisa. A gente ama, mas depois que quase perde, a gente passa a amar mais.

Gabriel diz que acidente ajudou a estreitar laço com a mãe
Gabriel diz que acidente ajudou a estreitar laço com a mãe

13 mortes por dia


Das mortes por causas externas cujas vítimas são meninas e meninos de até 14 anos, acidentes correspondem à maioria dos casos. Conforme a ONG Criança Segura, a cada dia, uma média de 13 no País perdem a vida por esse motivo. Ainda conforme a instituição, a terceira maior causa externa de óbitos são as sufocações (756), seguidas por queimaduras (297), quedas (220), intoxicações (83), acidentes com armas de fogo (21) e outros (285).

Tanto em mortes quanto em hospitalizações, o número de vítimas do sexo masculino é cerca de duas vezes maior do que as do sexo feminino.

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Atropelamentos no topo

De acordo com o levantamento da ONG, no caso dos acidentes de trânsito, das 1.862 mortes de crianças, registradas em 2012, 31% corresponderam aos atropelamentos. Em 30% das ocorrências, a vítima era passageira do veículo; em 9% era carona da motocicleta; em 6% estava na condição de ciclista. Os 23% restantes são referentes a outros tipos de acidentes de trânsito.

A coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Gabriela Guida de Freitas, destacou que algumas medidas preventivas, como evitar que uma criança com menos de 10 anos ande sozinha na rua, ajudam a diminuir consideravelmente os riscos. Ela explica que, abaixo desta idade, as habilidades motoras, cognitivas e sensoriais não estão completamente desenvolvidas, o que cria uma situação de vulnerabilidade.

— Não dá para pensar em uma criança andando sozinha na rua antes dos 10 anos. Só que não é a realidade que encontramos. Há uma série de questões do desenvolvimento, tanto físico quanto psicológico. Abaixo dessa idade, ela não está preparada, não sabe julgar o trânsito. Por exemplo, a visão periférica de um adulto é de 180 graus. Já a da criança é mais restrita.

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