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Mães fazem plantão na Cracolândia à procura de filhos viciados

Dona de casa conta que largou tudo para buscar o filho de 31 anos que se entregou ao vício 

São Paulo|Sylvia Albuquerque, do R7

Dalva e a filha procuram Tiago, desaparecido há quatro meses
Dalva e a filha procuram Tiago, desaparecido há quatro meses

Um boato de que o filho desaparecido há quatro meses está na Cracolândia levou a dona de casa Dalva Barbosa a fazer plantão no local com a filha. Elas caminham pelas ruas com a foto de Tiago e perguntam a quem passar: Você viu esse rapaz por aqui?

A informação que Dalva tem é de que o filho, de 31 anos, passou a vender droga no meio do fluxo (nome dado à aglomeração de usuários na calçada), e que está recebendo proteção de traficantes para manter um quarto em uma pensão e conseguir comida. Ela sabe que ele está por ali, sempre indicam um canto, mas ela não o encontra.

No dia em que conversou com o R7, ela completava 12 dias de peregrinação na Cracolândia. Fora o tempo que passou em outros bairros, hospitais, delegacias de polícia e abrigos até ser avisada de que ele estava ali. Tiago é usuário há quatro anos e meio, mas nunca havia ficado sem voltar para casa. Ele trabalhava, fez um curso de fotografia, mas se entregou ao vício depois que a criança que esperava com a mulher morreu.

— A ex-mulher dele também virou usuária e ainda garota de programa. Eles se separaram e não sabemos onde nenhum deles está. Eu não estou aguentando. Todo mundo fala que vê ele e só a gente não encontra. 


Assim como a dona de casa, outras mães fazem plantão no entorno da Cracolândia todos os dias com o mesmo objetivo. Frequentadores relataram ao R7 casos de mulheres que passam até dois anos procurando pelos filhos.

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Agentes comunitários de saúde da prefeitura ajudam na busca e tentam garantir um mínimo de segurança aos familiares. Na intenção de evitar que os parentes frequentem o ambiente durante à noite, os agentes guardam fotos e telefones para repassar a informação a todos os funcionários.

A filha de Dalva, Shirlei Oliveira, teme nunca mais encontrar o irmão. Ela e a mãe chegaram a entrar em pensões.

— Largamos tudo em casa, minha filha, meu marido, e rodamos o dia atrás dele. Meu medo é que os traficantes o escondam da gente porque ele trabalha no fluxo.

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