Menor "ficou brincando com isqueiro" antes de queimar dentista, diz delegada
Suspeitos detidos confessaram o crime e relataram tortura realizada com a vítima
São Paulo|Filippo Cecílio, do R7
O adolescente de 17 anos que confessou ter assassinado a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza durante um assalto na última quinta-feira (25), em São Bernardo do Campo, torturou a vítima antes de atear fogo e matá-la, segundo a polícia. A revelação foi feita pela delegada Elisabete Sato, diretora do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), que interrogou os suspeitos.
— O [menor de idade] que assumiu ter ateado fogo na dentista, com uma tremenda crueldade, revelou que jogou álcool nela e depois ficou brincando de acender o isqueiro perto de seu corpo encharcado para torturá-la. Ele aproximava e depois afastava a chama. E então passava o isqueiro para o outro, que repetia o processo.
Os suspeitos continuaram com a tortura até que outro integrante do grupo, responsável por sacar dinheiro com os cartões da vítima, telefonou e disse que só havia R$ 30 na conta de Cinthya.
— Aí então eles resolveram "isqueirar" a moça. Ele [menor de idade] disse que o avental começou a pegar fogo e que ele ficou lá olhando. Ele cita isso como se estivesse citando um capítulo de uma novela.
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Os assaltantes foram presos na madrugada do último sábado (27), em Diadema. Um quarto membro da quadrilha, reconhecido como Tiago de Jesus Pereira, ainda está foragido.
O grupo é suspeito ainda de ter cometido pelo menos mais oito crimes. De acordo com a polícia, foi identificado o mesmo modus operandi nessas outras ocorrências ainda não resolvidas. Os locais escolhidos para assalto era quase sempre consultórios comandados por mulheres. Somente em uma oportunidade o local do crime foi uma casa.
O crime
A dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foi queimada viva durante um assalto dentro de seu consultório, na rua Copacabana, bairro do Jardim Anchieta, em São Bernardo do Campo. De acordo com a Polícia Militar, Cinthya atendia uma paciente — cujo nome não foi divulgado — quando criminosos apertaram a campainha. Um dos bandidos disse que precisava de atendimento odontológico e a dentista abriu o portão. Logo, mais dois invadiram a casa. A paciente ficou com os olhos vendados durante toda a ação e teve a bolsa, o celular e dinheiro roubados.
Cinthya disse que estava com pouco dinheiro, mas forneceu o cartão do banco e a senha. Os criminosos sacaram R$ 30 da conta da dentista em um banco próximo ao local do crime.
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Segundo a paciente, única testemunha do crime, por volta das 12h30, a dentista começou a passar mal e, um dos bandidos, que aparentava ser menor de idade, resolveu encharcá-la com álcool para assustá-la. Segundo informações da polícia, eles queimaram a vítima por não terem conseguido levar mais dinheiro.
De acordo com o delegado seccional de São Bernardo, Waldomiro Bueno Filho, a paciente — que não ficou ferida — conseguia ouvir a dentista gritando "não faz isso" e pedindo socorro.
— Ela tentou apagar o fogo quando os bandidos fugiram, mas não foi possível. A dentista morreu em menos de três minutos.