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Mistérios do crime: um ano após morte de Marcos Matsunaga, veja o que ainda não foi esclarecido

Possível comparsa e distância do tiro provocam controvérsias entre defesa e acusação

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Executivo da Yoki foi morto e esquartejado pela mulher em 19 de maio de 2012
Executivo da Yoki foi morto e esquartejado pela mulher em 19 de maio de 2012

Dezenove de maio de 2012. Passava das 19h, quando Marcos Matsunaga, 42 anos, executivo da Yoki, uma das maiores empresas do ramo alimentício do País, entra no elevador do prédio onde morava com a mulher, a bacharel em direito Elize Matsunaga, e a filha, carregando uma pizza. A imagem, captada pelas câmeras do edifício na Vila Lepoldina, zona oeste de São Paulo, foi a última dele com vida. Naquela noite, Matsunaga foi baleado na cabeça e, horas depois, esquartejado na cobertura onde vivia.

Elize, inicialmente, tenta convencer a família do empresário de que o marido havia desaparecido. Dias depois, é presa e confessa o crime. Um ano após a morte, alguns questionamentos permanecem sem resposta. Teria Elize recebido ajuda de um comparsa? 

A defesa garante que não, que a hipótese não condiz com os elementos do processo. Já a acusação sustenta que a tese é plausível. Em outubro do ano passado, pediu a instauração de novo inquérito policial para apurar a suspeita. Embasou a solicitação na diferença de cortes durante o esquartejamento e no resultado das análises dos materiais biológicos coletados no apartamento do casal durante a reconstituição do assassinato, que apontou a existência de material genético de outro homem no local.

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Outro ponto controvertido é a distância com que o disparo foi feito. À polícia, Elize declarou que atirou a, aproximadamente, 1,5 m da vítima, depois de ser agredida durante uma discussão motivada pela descoberta da traição do marido. Já o laudo necroscópico, assinado pelo médico-legista Jorge Pereira de Oliveira, indicou a existência de “pequena zona de tatuagem e queimadura nas margens do ferimento” à bala na cabeça de Marcos, sinalizando que o disparo tinha “características de tipo encostado”. 


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Durante uma das audiências do caso, o perito do Instituto de Criminalística Ricardo Salada afirmou que o disparo teria ocorrido a uma distância de 20 a 25 cm. O laudo da exumação, entretanto, divulgado recentemente, indicou que o tiro foi disparado “certamente” a distância “maior do que 40 centímetros”.


O resultado da exumação, realizada a pedido da defesa, também provocou interpretações distintas. Os advogados da ré vinham contestando o laudo necroscópico, que afirmava que a vítima ainda estava viva ao ser degolada. Este detalhe rendeu mais uma qualificadora — meio cruel — a Elize, que foi acusada de homicídio doloso triplamente qualificado, além de ocultação de cadáver. 

Na interpretação da defesa, o laudo da exumação foi favorável por indicar que Marcos Matsunaga poderia estar morto quando foi esquartejado. Já para a acusação, ele foi inconclusivo. O documento diz que a “avançada putrefação impediu identificar qualquer tipo de reação vital” e enfatizou que o exame não foi capaz de determinar por quanto tempo a vítima permaneceu viva após ser baleada. Informou ainda que, depois de ser atingido na cabeça pelo tiro, Marcos ficou inconsciente.

Os dois laudos, porém, apresentam uma convergência: ambos indicam que a trajetória da bala foi descendente, colocando em xeque a versão apresentada pela bacharel em direito. Ao ser interrogada pela polícia, ela afirmou ter atirado em Marcos, quando ambos estavam de pé. Como tem estatura menor do que a da vítima, o trajeto percorrido pelo projétil teria que ser de baixo para cima. A defesa tem uma justificativa: sugere que o "alvo era móvel", que o empresário não ficou parado "esperando o tiro".

Faca não encontrada

Elize revelou que usou uma faca de cerâmica para esquartejar o marido. Um ano após o crime, objeto ainda não foi encontrado pela polícia, assim como as malas usadas por ela para transportar as partes do corpo.

A acusada informou que se livrou da faca, descartando-a na lixeira de um shopping na zona oeste de São Paulo. As malas, segundo ela, teriam sido jogadas na beira de uma estrada e em uma caçamba de construção.

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