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MP quer tirar da Sabesp poder de decisão sobre uso da água do Cantareira

Medida pretende evitar que 8 milhões de pessoas fiquem sem abastecimento em 2015

São Paulo|Sylvia Albuquerque, do R7, enviada a Piracicaba

Coletiva ocorreu no MP em Piracicaba, no interior de São Paulo
Coletiva ocorreu no MP em Piracicaba, no interior de São Paulo Coletiva ocorreu no MP em Piracicaba, no interior de São Paulo

Membros do Ministério Público Federal em Piracicaba e do Ministério Público do Estado de São Paulo querem que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) deixe de ter poder de decisão sobre o uso do volume morto do Sistema Cantareira. O MP entrou com uma ação civil pública na Justiça pedindo a "revisão imediata" da retirada de água do Cantareira, assim como a proibição da captação integral da segunda cota do volume morto do manancial.

Em coletiva de imprensa concedida na manhã desta quarta-feira (8) no MP de Piracicaba, no interior paulista, promotores explicaram que a ação pede, entre outras coisas, que a ANA (Agência Nacional de Águas) e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo) tomem decisão sobre o uso da água do Cantareira e que a Sabesp apenas acate as decisões dos órgãos, já que a Companhia lucra com o uso da água do manancial — hoje, a Sabesp tem poder de decisão.

O promotor Rodrigo Garcia disse que é “claro o objetivo da Sabesp na obtenção de lucro no uso da água do Cantareira” e declarou que a crise no sistema já era conhecida pela companhia desde 2011, quando informou aos seus investidores da Bolsa de Nova York sobre um possível problema hídrico. 

— Se você pegar todos os relatórios sobre a diminuição do consumo do volume morto, a Sabesp sempre votou contra deixando claro o objetivo econômico. Sendo assim, a empresa que lucra com a água não pode decidir sobre o que fazer durante uma crise de abastecimento. 

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Alexandra Facciolli Martins, promotora do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente), explicou que a Sabesp não trabalha com cenários reais sobre o uso da água, já que em janeiro deste ano anunciou que haveria água para 2014, em junho começou a usar o volume morto e em outubro quer usar a segunda cota de água.

— A Sabesp anuncia previsões do uso da água que não são concretas. Não podemos mais trabalhar com otimismo. Estamos em fase de anomalias climáticas e pode ser que não chova. Precisamos apresentar um plano eficiente para se trabalhar com recursos disponíveis. As ações tomadas ocorreram de forma insuficiente e tardiamente, o que não pôde evitar a situação atual. 

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O inquérito de investigação foi instaurado em novembro 2013 e apresentado à Justiça na última quinta-feira (2), foi baseado em estudos científicos feitos em parceria com a Unicamp sobre a utilização de água do Sistema Cantareira e Alto do Tietê e o impacto que isso tem para o sistema PCJ (Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí). De acordo com os promotores, a ação foi ajuizada na Justiça Federal para garantir o abastecimento de água para 2015 na região.

Segundo Alexandra, é necessário que chova suficiente para elevar o nível a 10% acima do volume morto do Cantareira para garantir água em 2015. Porém, não há previsões climáticas concretas de que isso vá acontecer. Por isso, segundo ela, o cenário pode piorar ainda mais caso não chova. 

— O Cantareira caminha para o esgotamento.

A promotora frisou, ainda, que o uso total da água do Cantareira é prejudicial para a região abastecido pelo PCJ que não tem outras fontes de abastecimento. Dessa forma, cerca de 8 milhões de pessoas podem sofrer com falta de água em 2015.

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