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'Não sou herói', afirma cobrador que evitou fuga após estupro na Paulista

Em entrevista ao R7, Bruno Costa conta que passou por caso parecido na Lapa

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Bruno impediu fuga de homem
Bruno impediu fuga de homem

Pai de uma menina de seis anos e irmão de três mulheres, o cobrador Bruno Vieira Costa, de 29 anos, que impediu a fuga do homem preso sob a suspeita de estupro dentro de um ônibus na avenida Paulista, afirma não se considerar herói. “Herói é quem salva a vítima e não foi isso o que aconteceu”, diz.

Em entrevista ao R7, ele afirma que as pessoas devem cuidar umas das outras e conta já ter presenciado um caso semelhante no terminal da Lapa. Na ocasião, um assediador também foi contido e entregue à polícia.

Leia a entrevista:

R7 — Muitas pessoas estão compartilhando o caso nas redes sociais e dizendo que você foi um herói. O que você pensa disso?


Bruno Vieira Costa — Eu não me vejo como herói. Herói é quem salva a vítima, e não foi isso que aconteceu. Ontem [terça-feira (28)] me perguntaram porque eu não tinha deixado [as pessoas que estavam no local] baterem no rapaz. Não deixei porque não é certo a gente consertar um erro com outro. Ninguém mais tinha que se sujar com aquilo. Pensei em chamar a polícia.

R7 — Queriam linchar o homem?


Costa — Em questão de segundos, a situação fugiu do controle da gente que estava no ônibus. Havia muita concentração de pessoas do lado de fora que queriam entrar para agredir. Eu só tentei fazer o que é certo. Não sou juiz e não sou executor das leis. Só espero que ela [a vítima] esteja bem, que fique bem. É uma humilhação passar por isso.

R7 — Você já presenciou um caso semelhante?


Costa — Uma vez eu passei por um caso parecido com esse. Foi um caso de assédio no terminal da Lapa. O rapaz conseguiu sair do ônibus, mas no terminal mesmo conseguiram pegá-lo. Mas o caso de ontem foi mais aterrador por ele ejacular no pescoço dela. Ele fez o que fez e depois ficou a todo momento falando que ela [vítima] ficou louca. Mas só tinha ele em pé no ônibus. Para a polícia, ele falou que ele era uma pessoa doente.

R7 — Como você o conteve?

Costa — Eu fui para cima dele, mas não cheguei a agredir. Fiquei com medo de ele fugir e pedi para o motorista fechar as portas. Ele [homem detido] ficou super calmo. Uma outra mulher já estava tentando ajudar a moça. Quando vi o que tinha acontecido, foi muito assustador. Nosso horário é o mais calmo que tem.

População em volta de ônibus onde ocorreu o crime
População em volta de ônibus onde ocorreu o crime

R7 — Muitas pessoas colocariam em dúvida a palavra da vítima.

Costa — Eu acho que somos todos irmãos. Como irmão, a gente deve cuidar um do outro. A gente tem que tentar entender a pessoa da melhor maneira possível, sem nenhum tipo de julgamento precoce. Tentei agir da melhor maneira. Eu a vi como um ser humano que merece todo o amor e carinho. Procurei ser justo.

R7 — Você tem parentes mulheres? Pensou nelas?

Costa — Eu tenho três irmãs e sou pai de uma menina de seis anos. Isso pode acontecer com qualquer pessoa. Quem me garante que um homem também não poderia estar sendo vítima disso? A gente não sabe de onde esperar essas coisas. Essas pessoas não andam com uma placa escrita que elas são perturbadas.

R7 — Como foi o seu dia depois do que aconteceu? Você conversou com alguém sobre os fatos?

Costa — Eu conversei com a minha mãe porque é ela que me orienta no aspecto moral. Eu devo muito do modo como eu reagi a minha mãe. Ela ensinou a não julgar. Eu contei para ela e eu espero que eu tenha honrado os ensinamentos dela. Mas minha rotina não mudou muito ontem. Cheguei em casa e tentei ficar calmo. Só fiquei pensando em como a moça [vítima] está.

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